O Brasil está amarelo. De febre. Não se fala mais em outra coisa a não ser da doença que as autoridades sanitárias consideravam erradicada do País desde 1940. Ela tem sido registrada aqui e acolá, com a culpa toda caindo no Estado de Goiás. A propósito, nosso estado é vitima disso. Anos atrás foi a questão do Césio 137 em Goiânia, episódio que deixou marcas profundas e, até hoje, assusta a muita gente.
Agora, vem a tal de Febre Amarela, provocando um grande estrago social, estigmatizando, mais ainda, o povo de Goiás. De repente, ninguém quer mais vir passear nas cidades goianas. Cria-se uma síndrome, um pânico descontrolado. E não adianta os governos e os sanitaristas dizerem que a situação está sob controle. O povo quer é vacinar e quem estava de viagem marcada para Goiás, já pensa duas vezes antes de vir.
De quem será a culpa por tudo isso? Já disseram que é dos macacos, esses primatas que não se cuidam, que não vão aos postos se vacinarem, que não têm cartão de vacina. É mais fácil colocar a culpa no macaco.
Na verdade o que está havendo no Brasil é a banalização da vida, o desinteresse pela sobrevivência. O pessoal não está “nem aí” para as campanhas. A vacina é de graça, está disponível o ano todo e ninguém vai se vacinar. E, quando surge a síndrome, alimentada pelos meios de comunicação, a correria é geral. Até quem já se vacinou, quer vacinar outra vez. Neurose coletiva? Histeria urbana? Falta de informação? Tudo isso e muito mais. Acontece que nós, brasileiros, não tomamos jeito mesmo. Aliás, não tomamos vacinas.
E, lamentavelmente, não é só no caso da Febre Amarela que somos desleixados. Existe uma campanha dizendo para que as pessoas não beberem quando forem dirigir. Mas, as pessoas bebem e dirigem, dirigem e bebem. Vão bêbadas para as ruas, para as rodovias, batem carro, matam e morrem. Outra campanha alerta para os males causados pelo cigarro. Câncer, impotência sexual, gastrite, úlcera… Mas, nunca se fumou tanto no Brasil.
Existe uma campanha alertando para que combatamos o Aedes aegypti, o mosquito da Dengue. Quase ninguém obedece. Ficamos todos esperando a prefeitura limpar nosso quintal, recolher o lixo, extinguir os criadouros do inseto. Depois, muitos de nós não queremos sofrer as conseqüências, embora não estejamos fazendo nada para evitar esses males. Muito menos estamos ensinando a nossos filhos a darem valor à vida.
É desse jeito.
Passado, presente, futuro!
O ano que chega, como reza a tradição, é um convite à reflexão acerca daquilo que passamos no ano anterior...