Apertem os cintos. A crise chegou! E chegou pra valer, tenham a certeza disso. Os Estados Unidos, o Japão e os principais países da Europa declararam estado de recessão e alegam que estão em dificuldades financeiras. Os grandes bancos, as multinacionais, como as montadoras de veículos, estão concedendo férias coletivas a milhares de trabalhadores. É crise, ou não é?
Claro que é. Ora, se nos países de economias sólidas, muito mais sólidas do que a brasileira, o momento é de preocupação, por que aqui nós não estamos preocupados? Será que o Brasil é um oásis, onde vivemos um mundo irreal, tipo “ilha da fantasia” ou, realmente, a crise não nos atingiu ainda?
Andando por aí, podemos observar as lojas cheias, os supermercados vendendo mais do que nunca e as pessoas consumindo absurdamente. Os restaurantes chiques estão superlotados, as cidades turísticas recebendo, cada vez mais, gente em férias, as agências de viagens faturando o que querem e o que não querem. Seria um paradoxo? Seria uma situação atípica? O Brasil ficará imune à crise, ou somente não percebemos que ela chegou, que ela está à nossa vista e teimamos em não aceitá-la? Esse é que é o medo.
Por certo que ninguém prega o caos, o apocalipse do século XXI. Quem é que não deseja viver um tempo de paz, de tranqüilidade, de muita fartura, de bons ventos? Todos nós queremos. Esta semana, entretanto, as grandes empresas anunciaram dificuldades financeiras, o Governo Federal alertou para medidas de precaução, sinalizando que dias difíceis estão por vir, e, até marcou data: a partir de março do ano que vem. Os bancos apertaram mais na liberação do crédito; os juros do cheque especial e dos cartões de crédito subiram, a oferta de empregos caiu e as moedas estrangeiras, como o Dólar e o Euro, se valorizaram muito diante do nosso idolatrado Real.
Assim sendo, quem tem ouvidos, que ouça, quem tem juízo, que se previna. Pode até ser que a crise não nos atinja, ou que nos atinja “de leve”, superficialmente. Mas, pelo histórico de outras vezes, é bom não brincar com ela. Um pai de família desempregado, e devendo, é uma ameaça à paz social. Uma empresa endividada, com dificuldades para colocar seus produtos na praça, é péssimo sinal. Trabalhar e não obter o salário no final do mês, vender e não receber, fazer compromisso e não poder saldar por falta de recursos financeiros, é sintoma de que os dias são maus.
E nós, os brasileiros que há alguns anos não experimentamos crises agudas, nós que depois do Plano Real estamos observando um período de relativa tranqüilidade econômico/financeira, não estaríamos preparados para um momento de dificuldades. Dessa forma, quem tem dois, que guarde um; quem tem um, que saiba gastá-lo. Quem tem dívidas, que as quite o quanto antes. Quem não tem dívidas, que não as faça, a menos que seja estritamente necessário. Esta é a voz da experiência, a voz dos mais antigos, dos que atravessaram crises financeiras e sentiram, na pele, o que é desejar e não poder, ser credor e não receber, ser devedor e não ter como pagar. Apertem os cintos. A crise chegou!
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