No fim da década de 70 e na década de 80, em época de eleição, as carreatas e passeatas no centro das cidades eram fatores importantes para mostrar a força dos candidatos e, até, dependendo do número de veículos, influenciavam nas campanhas a ponto de uma carreata fazer uma coligação ultrapassar a outra devido o volume de gente e de carros. Lembro-me de uma carreata dos candidatos Íris Rezende e Onofre Quinan que teve um número tão grande veículos, que começou no Estádio “Jonas Duarte” e chegava ao centro da Cidade, na Praça Bom Jesus e ainda havia carros saindo do Estádio. Eram veículos cheios de gente, meninos e meninas, idosos e jovens. Era um foguetório danado. Até acidentes com fogos. Numa dessas carreatas um amigo meu teve a mão quase decepada. Ele está vivo ainda e, mais do que todos, lembra aquele dia fatídico.
Lembro-me de outra carreata da mesma coligação que na rodovia chegava a ter mais de dois quilômetros de extensão.
Naquela época o trânsito era tranquilo. O número de veículos era bem menor. Os semáforos eram poucos e a Polícia Militar dava suporte, fechando as ruas para o cortejo passar, como se faz hoje em alguns funerais. O povo amava, idolatrava os políticos. Era o pós-revolução de 31 de Março quando o Brasil ficou sem eleições diretas por mais de 15 anos. Quando a carreata passava, as pessoas saiam das casas acenando sinais de vitória com bandeiras e fotos dos candidatos. A carreata era imprescindível numa campanha. Os participantes ganhavam combustível. Cada um ganhava uma requisição e ia aos postos encher os tanques. Havia, até, aqueles espertinhos que abasteciam e não participavam da carreata.
Os políticos ainda não se modernizaram e ainda querem insistir na prática das carreatas e passeatas. Nos dias de hoje, com a cidade cheia de veículos, já não se locomove com facilidade no centro das cidades e esses políticos arcaicos ainda querem fazer carreatas pensando que vai melhorar seu perfil ou sua pontuação nas pesquisas.
Eu já penso diferente. Tenho observado que essas carreatas hoje é uma faca de dois gumes, ou um tiro pela culatra, pois provocam ira na maioria das pessoas que estão envolvidas no seu dia-a-dia fazendo compras, indo para o trabalho, ou buscando meninos na escola. E, o trânsito pára devido a uma carreata ou passeata. Até mesmo umas passeatas pacíficas, como essas antidrogas ou em defesa da família criam problemas para a sociedade. São, a meu ver, antipáticas.
Acho que os políticos, os partidos têm de repensar as carreatas. Talvez seja, ainda, válida nos bairros mais distantes onde o povo é mais carente e sem atrativos de diversão. O povo desses bairros ainda gosta de ver a carreata passar. Os meninos, sem camisa, correm atrás para pegar santinhos para brincarem de troca de figurinhas. Acho interessante uma passeata num bairro onde a administração acabou de levar um benefício como asfalto, esgoto, água etc. Mais interessante para os políticos do partido parceiros da administração que levou o benefício.
Visitas pessoais, reuniões em casas de famílias e de cada segmento, debates em associações, a internet, o rádio e a televisão ainda são bons meios para se atingir e influenciar o eleitor.
Fui jornalista e publicitário por muitos anos, mas não marqueteiro. Se o fosse eu aconselharia a meus clientes a não fazerem carreatas ou passeatas no centro da cidade em dia nenhum e em horário nenhum. Fica, aqui, o meu recado para quem quiser aproveitar. Em minha opinião é um tiro pela culatra Quem viver, verá.
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