O Governo já mandou avisar, mas nem precisava: os alimentos vão subir de preço. Aliás, já estão subindo. Se bem que nunca deixaram de subir. Mas está caracterizado o pavor de uma velha conhecida dos brasileiros: a inflação. Esta semana, o anapolino Henrique Meirelles, Presidente do Banco Central do Brasil, foi categórico, afirmando que a inflação vai ser contida, mesmo que para isso, se lance mão de medidas drásticas. Por medidas drásticas, entenda-se, aumento no preço dos produtos de primeira necessidade. Arroz, feijão, óleo, açúcar, sabão, essas coisas que não podem faltar nas casas, independentemente de que nível social forem elas.
Inflação para rico, com aumento do custo de vida, é fácil resolver. Basta se enxugar um pouquinho os gastos, trocar o filet mignon por alcatra, substituir o vinho importado por vinho nacional, viajar só uma ou duas vezes para a praia, ao invés de cinco ou seis vezes no ano, que a situação se controla. O que queremos ver é enfrentar-se a inflação no barraco de dois cômodos, onde se vende a janta para comprar o almoço; um mês paga-se a energia, no outro se paga o aluguel. Tomara que esta expectativa não se concretize e que nós, os brasileiros, atravessemos, sem muitos traumas, esse período que se anuncia como difícil.
Custo de vida no Brasil sempre foi objeto de polêmica; tema de novela; letra de música; assunto de discussão nas rodas políticas; tese mestrado e doutorado nas universidades e, muito mais do que isso, preocupação de todos. A rigor, não há um norte, um controle sobre o assunto, coisa que parece ser mais cultural. Muito embora o Governo Federal anuncie, aos quatro ventos, que somos auto-suficientes em petróleo, que temos o etanol e outras fontes de energia, nós continuamos pagando uma gasolina cara, um diesel acima da média internacional, energia elétrica nas alturas e outras despesas decorrentes.
Agora, falam em super-safra agrícola, uma das maiores da história e, pasmem, o governo anda dizendo que pode faltar arroz e feijão no prato dos brasileiros. Quem é que vai entender essa gente? O governo anuncia que a taxa de desemprego está caindo, principalmente nos grandes centros. Mas, por outro lado, assusta a população, quando fala em crise, volta de inflação, aumento do custo de vida. Alguma coisa deve estar errada.
Todavia, pelo sim, pelo não, é bom não se descuidar. Quem puder, e quiser, é bom se precaver. Que tal começar o corte de alguns gastos considerados supérfluos, desnecessários, sem importância? É o hábito, pouco usado por nós brasileiros, o de poupar. Não temos esse costume. Nossa prática é, justamente, o inverso. Muitos de nós ganhamos 20, gastamos 30, deixando conta para pagar no mês que vem. Somos atraídos pelas promoções, pela propaganda, pelo desejo incontrolável do consumismo. Sem querer ser pessimista, ou, muito menos desmotivado, o cidadão brasileiro deve começar a “colocar as barbas de molho”. Afinal de contas, diz o velho ditado que “sabendo usar, não vai faltar”. Precisamos saber usar melhor o nosso rico (rico?) dinheirinho. Isso, por que, se a tal de inflação vier mesmo, não nos encontrará desprevenidos. Se não vier, e é para isso que torcemos, ainda assim vamos ganhar, pois teremos economizado algum, ou, no mínimo, não teremos feito compromissos que poderiam nos custar sacrifícios no dia de amanhã.
Da polarização à união é o desafio pós-eleições
A polarização política intensificada durante o primeiro e segundo turnos das eleições de 2024 trouxe à tona uma série de...