O Brasil já perdeu a conta dos casos de crimes cometidos, utilizando-se como arma os veículos automotores. Um dos que mais chamaram a atenção foi o do menino João Hélio, no Rio de Janeiro, arrastado por vários quilômetros, tendo o corpo despedaçado. Esta semana, outro fato semelhante, só que desta vez, com um soldado do Exército, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Iguais a esses, muitos e muitos outros aconteceram e, infelizmente, continuam acontecendo. Há alguns anos criou-se no Brasil uma tímida campanha com os dizeres: “Não faça de seu carro uma arma. A vítima pode ser você”. Os tempos mudaram, as coisas mudaram. Para pior, infelizmente. As pessoas continuam fazendo dos carros as armas para matarem, mutilarem, ferirem e vilipendiarem o próximo. O raciocínio é simples: se você em um momento de descontrole empunhar uma arma e matar ou ferir seu desafeto, certamente vai ser preso, processado, condenado e jogado na cadeia. Mas, se pelo mesmo motivo atropelar esse seu desafeto, matando-o ou deixando-o inutilizado, é quase certo que não será preso, nem processado.
Alguém teria notícia de alguém que esteja preso, cumprindo pena por algum crime praticado no trânsito? Ora, vão dizer que fulano foi condenado, mas a pena foi suspensa; que beltrano foi condenado a prestar serviços a instituições filantrópicas, etc. etc. Mas, preso mesmo, ninguém está. É o tal do crime culposo, praticado sem intenção, como diz a lei. O que se vê, infelizmente por todo o Brasil, é gente atropelando, ferindo e matando. Depois, chega ao plantão de qualquer delegacia, paga uma fiança e vai responder em liberdade.
O certo é o seguinte: ou as autoridades constituídas nesse País – o Congresso Nacional principalmente – tomam uma providência, criando leis mais enérgicas, punindo esses criminosos, ou, do contrário, vamos ser uma população refém dos irresponsáveis do volante.
Quanto às famílias das vítimas, aquelas que ficaram sem o chefe da casa; sem a mãe que morreu atropelada; sem o filho paraplégico ainda em plena mocidade, sem a criança que morreu esmagada sob rodas de carros nas ruas do Brasil, por enquanto, o que resta é chorar. E lamentar. Os carros nesse país continuam sendo armas. As pessoas inocentes continuam sendo vítimas. As autoridades continuam ignorando e os motoristas continuam cada vez, mais selvagens.
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