Estaria Anápolis passando por uma crise de identidade, ou é só impressão? É a pergunta que ecoa pelos quatro cantos da cidade, sem resposta, pelo menos até agora. O que se quer saber, na verdade, é por onde andariam os valores anapolinos, de que tanto nos orgulhamos no passado. A começar pelo nosso futebol, que agoniza, quase morrendo, com os times falidos, sem perspectivas de recuperação, perdendo, a cada dia que passa, suas entusiasmadas torcidas. Já não se fala mais de “Galo” e “Rubra”, com a vibração de dez, vinte anos atrás. Hoje, o que se vê é um arremedo de futebol, com times montados em cima da hora, sem qualquer planejamento, sem qualificação, enganando não se sabe quem, nem se sabe como ou por que.
Da mesma sorte, os investidores genuinamente anapolinos, ao que consta, sumiram, desapareceram, foram cantar noutra freguesia, ou seja, foram investir seu rico dinheiro em outras praças, esquecendo-se de onde é que tiraram suas fortunas. Quem investe hoje em Anápolis, com raríssimas exceções, são empresários de fora, que enxergam aqui, possibilidades concretas de aumentarem seus empreendimentos, gerarem mais riquezas. O pessoal de Anápolis mesmo, caiu fora. Ou está caindo. Por quê?
Agora deram até para arranjar candidatos a prefeito de outras cidades, de outros estados, para governarem Anápolis, brincando, quem sabe, com a inteligência dos eleitores e do povo anapolinos. Culpa de quem, se é que há culpado, ou culpados? Onde estariam os erros e os desacertos de uma cidade que sempre teve, e tem, tudo para ser a mais importante do Estado? Será que a dificuldade reside nos políticos, ou nos pseudos políticos? Ninguém sabe responder. O que se vê por Anápolis, infelizmente, é muito desânimo, muita descrença, a despeito de uma enorme e cada vez mais crescente possibilidade de desenvolvimento. Anápolis não merece isso.
E, a história do “pacto por Anápolis”, do “acordão”, das iniciativas pífias que se tem observado por aí, certamente que não funciona. Deve haver uma saída para o marasmo que insiste em se apoderar das pessoas, das lideranças, das instituições, de quem e de que não se admite ocorrer. Não podemos, nós todos, correr o risco de, no ano do centenário de nossa cidade, escrever uma página escura, desbotada, sem graça, na história dessa terra que tanto nos deu e que tanto pode nos dar. Basta que cada um assuma sua responsabilidade. Se for o Prefeito, que seja o Prefeito. Se forem os vereadores, que sejam os vereadores. Se for o empresariado que seja o empresariado. Se for a classe estudantil, que seja a classe estudantil. Seja quem for, seja o que for, não se pode admitir que Anápolis continue tendo essa crise de identidade: um município rico, de uma história rica, de um povo honrado e trabalhador, que não consegue mais se impor, perdendo terreno político e econômico. Hoje somos a quarta, talvez a quinta economia de Goiás. E já fomos a segunda por muito tempo. Não temos um bom time de futebol, não temos uma boa representatividade política. Não estamos tendo mais espaço na mesa das grandes decisões em Goiás. Isso tem de acabar. Pelo menos, alimentamos esse sonho.
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