Aos poucos, Anápolis está se tornando uma cidade deserta. Na mais absoluta essência do termo. Não se fala aqui em desertos figurados, produtos, quem sabe, da modernidade que vem chegando e, que, em determinados pontos, até já chegou. Sem qualquer sentimentalismo, saudosismo ou, busca do passado, o que se questiona, todavia, é a cada vez menos notada sensação do clima agradável, ameno, gostoso da Anápolis de 30, 40 anos atrás.
Por certo que a cidade cresceu, evoluiu e muitos dos recursos naturais foram, criminosamente, retirados de nossa paisagem. Já não vemos mais os caudalosos, limpos e despoluídos ribeirões cortando a terras anapolinas. Como de resto, desapareceram muitas das importantes reservas biológicas, matas nativas, pedaços da vegetação da Mata Atlântica, mesclada com o Cerrado Brasileiro, que por sinal, também, está sendo dizimado de maneira impiedosa, irresponsável e cruel. Não temos mais, efetivamente, o bom clima de que os anapolinos tanto se orgulhavam.
Olhando em derredor, vê-se, claramente que o Ribeirão das Antas é o nosso “Tietê” em miniatura, tamanho é seu índice de poluição. Da mesma forma, as lagoas, os lagos, as represas, as matas ciliares que existiam em diferentes regiões do Município, deixaram de existir. Tudo em nome do progresso e do desenvolvimento. Anápolis sofre, há anos, com essa agressão descabida aos seus recursos naturais. É uma pena ver que a cidade que se despertou para tantos projetos importantes, vem se descuidando do que de mais importante guarda da natureza: uma situação climática extremamente agradável, motivo pelo qual, inclusive, muita gente para cá se mudou.
Mas, filosofias à parte, aproveitando esse início de primavera, ainda é possível salvar-se alguma coisa do que restou? É a pergunta que se faz a todos. Autoridades, cidadãos de bem, pessoas responsáveis e que pensam alto, pensam num futuro melhor. Certamente que podemos, sim, fazer muito, para que Anápolis recobre a condição de cidade ecologicamente correta. Basta que se aplique a lei; que não se permitam mais os loteamentos indiscriminados, que se fiscalize a derrubada de árvores, que se plantem mais espécies nativas e que, acima de tudo, se preserve o que ainda resta. Que cuidados estariam sendo destinados, por exemplo, às reservas da Mata Fanstone, do Parque da Matinha, das reservas florestais no Setor Bom Clima, do Setor Residencial Pedro Ludovico e de tantas outras. Do que se sabe, praticamente nenhum. E, quanto aos cursos d‘água, os córregos e ribeirões? Estariam eles sendo cuidados, fiscalizados? Esta é a pergunta que se faz.
Com certeza, não é coisa fácil de se fazer e nem é obrigação exclusiva do poder público. É dever de todo cidadão, de toda cidadã que pretendem viver em um ambiente favorável, um clima agradável. E, principalmente, para quem enxerga o futuro, vendo em Anápolis uma cidade aconchegante, aprazível e adequada para nela se abrigarem seus filhos e seus netos. As futuras gerações, certamente vão agradecer por este gesto de hoje.
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