Está chegando o dia dos namorados e sinceramente é mais um dia para o comércio. Esta noite os restaurantes vão estar cheios, as farmácias vão vender mais do que o habitual e no fim de contas é uma data como outra qualquer. Não guardo especiais festejos para esta ocasião e mesmo podendo soar a frase feita, todos os dias são bons para namorar. Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas.Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito clara. Eu própria percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizer. O que quero é fazer o elogio do amor verdadeiro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavanderia. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão. O amor passou a ser passível de ser combinado. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor platônico, do único amor verdadeiro que há, estou farta de conversas, farta de compreensões, farta de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão covardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, é uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “tá bem, tudo bem”, tomadores de bicas, compromissos fajutos, bananices, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. A vida às vezes mata o amor. A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor verdadeiro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor verdadeiro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. Não é para perceber. É sinal de amor verdadeiro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. “E valê-la também.
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