O telespectador do Brasil se ocupou, recentemente, das histórias de duas maísas. A primeira delas, na minissérie da Rede Globo, mostrando a trajetória de uma das maiores cantoras que o País já conheceu. No caso da segunda Maísa, a coisa é bem diferente. Trata-se da garotinha que vinha garantindo a audiência do programa Sílvio Santos, no SBT. Dia desses, ela se “desentendeu” com o “homem do Baú” e acabou saindo de cena aos prantos. Para piorar, ainda bateu com a cabeça numa câmera do estúdio, comoveu a muitos, chocou a muitos outros e abriu discussões intermináveis sobre o assunto.
Mas, e a menininha? Deve, ou não deve, trabalhar na TV? Quem ganha com isso? Ela, a família dela, o Sílvio Santos ou todo mundo ganha? Ou ninguém ganha? O certo é que a polêmica está no ar. Ou melhor, fora do ar, pois Maísa não voltará tão cedo ao vídeo. Ou seja: o dinheiro que ela ganhava, não vai ganhar mais. E, fala-se, até, num processo por danos morais, na ordem de R$ Um milhão. Que coisa!
Agora, o Ministério Público de São Paulo quer apurar responsabilidades. Quem deu autorização para Maísa trabalhar na TV? Como era o contrato dela? Em boa hora o MP paulista entra na causa. E, que sua atuação se estenda, também, para outras emissoras, inclusive para a toda poderosa Rede Globo, onde, também, crianças, e até bebês de colo, são “atores” e “atrizes”. Ou será que na Globo, crianças podem ser assistidas e aplaudidas, talvez, pelos mesmos que, agora, empunham a bandeira da moralidade? Será que estes mesmos não achavam “engraçadinho” ver a Maísa todos os domingos com o Sílvio Santos? Na verdade, todas elas são crianças precoces, que entram para o fascinante mundo das artes, incentivadas, certamente, pelas famílias. O episódio Maísa/SBT ainda vai dar muito o que falar.
Seria bom, portanto, se, no rastro desta “cruzada pela moralidade”, os MPs em geral, cuidassem de verificar, além do caso Maísa, outros tão ou mais graves do que ele. Por exemplo, o caso das crianças que vivem nas ruas, jogadas e disponibilizadas ao crime, ao tráfico, à prostituição e à pedofilia. Esta preocupação exagerada porque a Maísa do Sílvio Santos chorou em palco, quem sabe prejudicando-a no seu emocional, talvez seja bem menor do que os outros milhões de casos em que ninguém se ocupa de olhar, mesmo porque não é gente famosa e nem está na TV. As milhares e milhares de “maísas” que estão entregues à própria sorte pelo Brasil afora, que se virem. A da vez é aquela menininha graciosa, inteligente e que ganhou muito dinheiro para a sua família. Quem sabe, muito mais ainda para os patrões e os patrocinadores. Este é o nosso Brasil.
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