O Brasil está parado. Não se fala mais em outra coisa a não ser na Copa da Alemanha. Foi para lá que viajaram os melhores jornalistas. É para lá que estarão indo nos próximos dias centenas de brasileiros, gente endinheirada, ou não, que não quer saber de mais nada. E nunca se comprou tanta televisão como agora. Pagar é outra história.
Certamente que nem vamos nos lembrar de que os corruptos do Congresso Nacional foram, praticamente todos, absolvidos por eles mesmos. Gente que roubou, confessou e, ficou do jeito que estava. É claro que nem de longe nos lembraremos que o tráfico continua mandando no Rio de Janeiro e que o PCC continua dando as cartas em São Paulo. Que as rodovias continuam esburacadas, que em Anápolis os servidores estão sem receber os salários, que em Goiânia tem gente morrendo nas filas do SUS. Todo mundo de verde-amarelo, bandeirinha no carro e na janela. Bancos fechados, repartições paradas. E os bares, estes sim, cheios.
Por aqui as coisas vão indo muito bem. De agora, até o final da Copa do Mundo, não há o que se falar em pobreza, violência, miséria, fome, desemprego, desigualdade, político roubando. Nada de falar no futuro do Brasil, nas eleições, nas crises econômicas.
Daqui, do Planalto Central, nós, os que não vamos à Alemanha, estaremos torcendo, desejando sucesso, venturas mil aos nossos canarinhos. Que eles sejam felizes, que vençam os sete jogos e fiquem cada vez mais ricos, continuem morando na Europa, muitos deles se naturalizando cidadãos da Alemanha, França, Espanha e outros. Afinal de contas, somos o “País das Chuteiras”, aqui tudo termina em samba, em futebol. E agora, em pizza. O resto, a gente tira de letra.
O que ninguém perguntou ainda é: e se não ganharmos a Copa?
Passado, presente, futuro!
O ano que chega, como reza a tradição, é um convite à reflexão acerca daquilo que passamos no ano anterior...