Vivemos todos – se não todos, pelo menos grande parte de nós – egoisticamente em um país do desperdício. Basta darmos uma olhada em volta de nós mesmos, para vermos o quanto isso é verdade. A começar de nossa aparência, deformada pelo consumismo e pelo modismo, que nos obrigam, diariamente, a comprar mais do que necessitamos, mais do que pretendemos e mais do que podemos. Quantos de nós, nos últimos dias, nas últimas semanas ou, nos últimos meses, adquirimos coisas que ainda nem usamos e que, sinceramente, nem vamos usar tão cedo. Talvez nunca usemos. Mas, compramos.
Estamos naufragando em um mar de egoísmo, de consumismo, de desperdício. Em nossas despensas apodrecem alimentos, enquanto pessoas bem perto de nós estão passando fome. Em nosso guarda-roupas mofam peças do nosso vestuário, que há anos não usamos, mas, relutamos em passar ao necessitado que bate à nossa porta. Temos medo de, “amanhã ou depois” fazer falta.
Guardamos coisas que não nos serve, não nos rende, ficam ocupando espaço em nossos quartinhos de despejo e temos isso como amuletos, como troféus, retratos de vidas passadas que, parece, nos olham acusatoriamente, pedindo que sejam doados para a utilização por parte de quem, realmente está precisando.
Não se trata de falso moralismo. É um alerta para cada um de nós que temos em abundância, enquanto outros padecem. É um chamado à consciência, para enxergarmos a possibilidade e a capacidade que cada um de nós tem para fazermos pessoas felizes, com simples gestos. Um sapato usado; uma roupa que não serve mais; um móvel encostado no canto da casa; um eletrodoméstico que saiu de moda, uma panela que perdeu a tampa, ao invés de irem para o lixo, ou ficarem deteriorando sem serventia, bem que poderiam estar servindo a uma família carente.
Isso, para se deter apenas nestes pequenos exemplos. A lista pode ser ampliada para a quantidade de medicamentos que adquirimos, usamos menos da metade e deixamos o resto vencer, apodrecer nas gavetas, quando poderíamos, muito bem, encaminhar para as creches, os orfanatos, os abrigos, as casas de caridade. Não o fazemos. Por desinteresse, por egoísmo, por negligência, por falta de amor ao próximo.
Negamos um prato de comida a pessoas que batem à nossa porta. Procedimentos que têm feito de muitos de nós, pessoas amarguradas, descontentes, mal resolvidas, desamorosas, rancorosas, egoístas e, até, covardes. Podemos mudar isso.
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