Em reunião do Conselho de Assuntos Legislativos da Confederação Nacional da Indústria (CAL/CNI), chamou-me atenção a exposição feita por um parlamentar, no encontro de abertura do colegiado para o início dos trabalhos de construção da Agenda Legislativa de 2017. Ele dizia, na oportunidade, que as minorias são mais ´barulhentas´ que outros segmentos e, quase sempre, conseguem atingir os seus propósitos por conta do seu ´barulho´. E foi mais adiante: ponderou que isso ocorre porque, no geral, as minorias se constituem de grupos que têm tempo para se dedicarem e quem banca os movimentos.
Não podemos tirar os méritos desses grupos, desde que atuem dentro dos limites legais e democráticos, com respeito e ética. Mas, certamente, o empresariado precisa refletir um pouco mais sobre o seu protagonismo e estar mais presente nos grandes debates do País, sobretudo, aquilo que envolve a política econômica, a legislação tributária, previdenciária e ambiental, dentre outras questões que afetam o ambiente dos negócios.
O Brasil precisa de gerar mais emprego; melhorar a renda das famílias; fortalecer os cofres públicos para aumentar a sua capacidade de investimentos nas mais diversas áreas. E, qual outro caminho tem a seguir, senão o estimulo à atividade produtiva? Não há muitas alternativas, portanto, o setor produtivo merece uma atenção especial; merece ser ouvido e chamado a contribuir.
Por outro lado, o empresário não pode e nem deve ficar esperando para ser chamado a esta participação. É preciso que saia das fábricas e dos escritórios e façam ´barulho´, a exemplo das minorias, como citamos no início deste artigo, para ter força em suas lutas reivindicatórias. Nada vem de graça. É preciso correr atrás e não apenas ficar lamentando as dificuldades.
No Conselho de Assuntos Legislativos, que tem a liderança do goiano Paulo Afonso Ferreira, do qual faço parte como representante da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), há vários anos temos feito uma verdadeira vigília para evitar que projetos em tramitação no Congresso Nacional- de origem parlamentar ou do Executivo- venham trazer prejuízos ou mais dificuldades ao setor produtivo. É uma luta gigante, porque sempre envolve muitos e poderosos interesses. Precisamos do apoio do empresariado para nos fortalecermos para os embates de hoje e de amanhã, não só no campo do Legislativo, mas em outras frentes também. O empresário precisa fazer com que a sua voz seja ouvida e reconhecida. Portanto, a mobilização deve ser permanente e organizada.
O Brasil ainda vive um clima de muita instabilidade e de incertezas na economia e no cenário político. Vive, ao mesmo tempo, um momento ímpar na sua história de luta contra a corrupção. Ao atravessarmos estas barreiras, teremos à frente um horizonte promissor para a plena retomada do crescimento e para a elevação do País a um patamar justo de reconhecimento internacional, pelas potencialidades que tem para chegar ao status de País Desenvolvido. O setor produtivo deve ser um protagonista das transformações e nunca um simples coadjuvante, sem voz ativa. Empresários, vamos fazer barulho!
Wilson de Oliveira é vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg); representante da entidade junto ao Conselho de Assuntos Legislativos da CNI; presidente da Fieg Regional Anápolis e do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Anápolis (SindAlimentos)
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