Raul Ellwanger, músico e compositor brasileiro, compõs e a internacional cantora e ativista política Mercedes Sosa (Argentina 1935-2009), cantou e gravou a música de título homônimo ao título deste artigo e a levou para o mundo, como a linda voz que tinha. A letra é um hino de quem não quer se calar diante das injustiças à sua volta. Uma síntese dos versos: Eu só peço a Deus/Que a dor não me seja indiferente/… Que a injustiça não me seja indiferente/… Que a guerra não me seja indiferente/… Que a mentira não me seja indiferente/… Que o futuro não me seja indiferente… Vale a pena vê-la cantar, rezar com ela, acompanhada ou não de alguma parceria. Evidente que esta música não fez e nem fará sucesso por aqui, na terra de Cabral.
Sim, em terras tupiniquins, é mais fácil, mais gerador de emoções e de sucessos, cantar o avesso ao pedido de Ellwanger, que Mercedes Sosa levou para o mundo. Entre nós, o pedido era, e continua sendo, para obter ´Um Pouco de Malandragem´ até porque o sucesso, por aqui, só acontece por corrupção ou, no mínimo, um pouco de malandragem. A exaltação ao malandro e à malandragem, contudo, vem de longe. Nos anos 70, século 20, Chico Buarque já exaltava o malandro (carioca) em letra e música. Trecho:…´novo´ malandro/o malandro profissional /oficial/candidato a malandro federal/Mas o malandro pra valer/não espalha/aposentou a navalha/até trabalha´… Triste exaltação!…Marcou a sina de um povo! Afinal, a exaltação dignificou a malandragem que significa ganhar um conjunto de artimanhas utilizadas para se obter vantagem em determinada situação, ainda que ilícitas, através de espertezas para não trabalhar, dentro da ótica do ´Gosto de levar vantagem em tudo´ (Lei do Gerson). E agora, malandro?
´O contrário da paz não é a guerra, a violência, a luta. O contrário da paz e a OMISSÃO. O que me assusta não é o grito dos homens maus mas o silencio dos bons´ afirmava Martin Luther King em cada discurso que pronunciava. O que podemos fazer diante da conjuntura de que os homens de bem são lentos, ficam enrolados em burocracia, em reuniões improdutivas que todos esquecem no dia seguinte, enquanto os homens do mau são rápidos, trocam dois olhares e formam uma quadrilha para assaltar, matar, destruir? Não há outro caminho: SAIR DA OMISSÃO. Dar nosso grito de alerta. Posicionarmo-nos a favor do bem. Sermos exemplos. SIMPLES!
Devaneios ou não, não seria demais sonhar: que bom se cada um de nós, cidadãos da nação brasileira, déssemos nosso grito contra as injustiças que presenciamos contra nossa gente, contra a leviandade de nossos governantes em quaisquer níveis. Que bom que todos participássemos, lutássemos para que os problemas políticos nacionais que afetam diretamente nosso povo que não tem educação nem saúde e nem segurança. Afinal, não podemos e nem devemos ficar calados, covardemente nos esquivando com a desculpa de que não podemos nos envolver seja porque razão for.
Conclamo, pois, que façamos coro com Mercedes Sosa e Raul Ellwanger. Rezemos (ou cantemos juntos): OH! Meu Deus! Nós só te pedimos que não nos deixem calar diante das injustiças. AMÉM!…
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