Um dos melhores lugares para se conhecer a cultura de uma região no Brasil são as feiras populares. São Paulo tem o seu melhor diagnostico quando se visita a 25 de Março, com sua multiplicidade cultural e étnica, uma espécie de feira permanente. No Rio de Janeiro, conhece-se um pouco da história, migração e movimentos populares, caminhando pelas bancas de São Cristóvão.
Numa recente viagem a Altamira-PA, resolvi fazer este mergulho cultural. Sendo uma cidade de referência regional, possui uma arquitetura típica da região, com suas casas acopladas umas às outras, pessoas assentadas nas calçadas, e o anacrônico sistema de esgoto a céu aberto, no qual a água apodrece e cheira mal, trazendo uma péssima imagem para os visitantes, já que os moradores da cidade não se impressionam com isto.
As frutas são expostas em pequenas bancas, onde se pode comprar de tudo, desde comidas típicas do Pará como açaí, tucupi, cupuaçu, até quinquilharias produzidas na China e contrabandeadas via Paraguai, com algumas pequenas confecções de roupas produzidas no modelo das populações ribeirinhas dos grandes rios da região.
No meio daquela multiplicidade de sons, cores e cheiros, você ouve música sertaneja (com cantores desconhecidas e com um pouquinho de sabor paraense), e músicas daquele recanto do Brasil que você não vai ouvir em nenhum lugar.
Um dos cenários mais surrealistas, foi uma carroça high-tech, com um sistema de som de muitos decibéis e de excelente qualidade, puxada por um cavalo, tocando músicas com estilo de hip-hop e um tempero regional do tipo Banda Calypso – simplesmente bizarro!
Ali naquele cenário entendi toda a mágica e crise da nação brasileira, toda riqueza e confusão, toda crise e perspectiva. Ali o Brasil se revela, e ali está o Brasil que se oculta. Tudo, no mesmo lugar.
Passado, presente, futuro!
O ano que chega, como reza a tradição, é um convite à reflexão acerca daquilo que passamos no ano anterior...