Certo pai de família procurou uma senhora de nossa comunidade buscando conselho, e lhe relatou que estava orando e também queria oração porque se apaixonara por outra mulher, também casada, mãe de dois filhos e queria cobertura espiritual. Ao ouvir este estranho enunciado aquela mulher lhe respondeu: “Isto é fogo estranho no altar do Senhor!”.
Esta afirmação é bem conhecida daqueles que possuem familiaridade com as Escrituras Sagradas, eis sinteticamente a história relatada em Lv 10.1-2: “Nadabe e Abiú, filhos de Arão, pegaram cada um o seu incensário, nos quais acenderam fogo, acrescentaram incenso, e trouxeram fogo profano perante o SENHOR, sem que tivessem sido autorizados. Então saiu fogo da presença do SENHOR e os consumiu. Morreram perante o SENHOR.” (NVI).
Todos nós conhecemos a relação incestuosa que a máfia italiana sempre teve com a igreja, ora recebendo proteção, ora benefícios. Recentemente nos assustamos também com a versatilidade humana para o mal, quando um grupo de políticos cristãos, depois de orarem, sentindo-se agora “abençoados”, dividiram o bolo de uma significativa quantia de dinheiro público que fora desviado. Isto tudo filmado e com veiculação em canais de Televisão a nível nacional.
Chegamos a este estado de coisas porque perdemos a dimensão de quem é Deus, e desprovidos de senso do que é certo e errado, nos permitimos qualquer atitude, até mesmo em relação ao que é espiritual. Ao fazermos isto, dessacralizamos o sagrado e inconscientemente procuramos transformar Deus em um “parceiro” de nossa falta de integridade. A Bíblia porém nos exorta: “Não vos enganeis, de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isto também ceifará” (Gl 6.7).
Deus não se deixa subornar, nem pode ser manipulado por interesses escusos. Este tipo de oração para o mal, e aparência de temor reverencial, pode nos dar a impressão de bem estar, e aliviar nossa cauterizada consciência, mas possui efeitos maléficos em duas dimensões: (a)- A prática de suborno, corrupção, desvio de caráter, é contrária ao caráter de Deus, por isto, o temor do senhor é o princípio da sabedoria, porque, por temor a Deus, procuramos nos desviar do mal; (b)- Tentar envolver Deus em gestos e atitudes pecaminosas, tentando acobertar o nosso mal com o santo nome de Deus, é a quebra do terceiro mandamento que diz: “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”. Não dá para transformar Deus em cúmplice de nossa falta de integridade! De Deus não se zomba!
Passado, presente, futuro!
O ano que chega, como reza a tradição, é um convite à reflexão acerca daquilo que passamos no ano anterior...