Ou nós, brasileiros, aprendemos a lidar com o meio ambiente, ou, corremos o risco de desaparecermos com as águas das chuvas. Aliás, já tem muita gente desparecendo, morrendo tragada pelas enxurradas, durante temporais em cidades pequenas, médias e grandes. São muitos e recentes os casos registrados pela mídia em todo o País. Culpa de quem? Culpa de nós mesmos, que, a cada dia que passa, nos comportamos de forma equivocada, descompromissada, absurdamente irresponsável para com o ambiente em que vivemos.
A natureza, sábia como é, sempre revida. Pavimentamos as ruas, mas não aprendemos, nem ensinamos, que não se deve jogar o lixo nelas. Esse lixo, que tiramos de nossas casas, de nossos escritórios, de nossas empresas, em grande parte, vai obstruir as galerias de captação (onde elas existem, pois os políticos asfaltam as ruas sem fazer galerias) e a consequência disso é sentida na primeira chuva que cai logo após. E não adianta ficar procurando culpados em maior ou menor intensidade. A água, não tendo para onde ir, acaba entrando na casas, nas fábricas, nas escolas. Derruba pontes, barragens, danifica tudo o que encontra pela frente. Todo ano é a mesma coisa.
Além do mais, as pesadas chuvas que caem, encontram terreno fértil para provocarem as erosões, as voçorocas, os danos no solo, justamente porque já não existem mais a vegetação, as matas ciliares, as proteções ambientais. Estas despareceram, ante à sanha do capitalismo que ocupa todos o espaços, devidos ou indevidos, construindo casas, apartamentos, fábricas, etc. etc., se esquecendo todavia, de preservar o ambiente, de atentar para o fato mais evidente, mais óbvio que é a resposta da natureza.
Assim sendo, quando a televisão mostra as cidades inundadas, o trânsito parado, as pontes caindo, os rios transbordando, as pessoas desesperadas, já não nos causa tanta admiração assim. Aliás, mostrar enchente, inundação, casa caindo, gente morrendo soterrada ou afogada, virou programa de televisão. Virou espetáculo, com direito a transmissão ao vivo, a bordo de modernos helicópteros nas grandes metrópoles. Por aqui, as tragédias não são menos traumáticas do que as de lá. Muita gente sofre, muita gente morre, muita gente ver rolar água abaixo, literalmente, suas esperanças. As mortes, os desmoronamentos, os desastres são, apenas, componentes de história que já e tornou rotina no Brasil. Toda vez que chove o povo entra em pânico, os jornalistas entram em êxtase e os bombeiros entram em prontidão. O resultado, todo mundo sabe, mas ninguém, até agora, tem parado para pensar que é hora de se buscar uma solução racional para isso.
Vamos continuar vendo crianças morrendo soterradas, gente perdendo tudo do quase nada que tinha, prédios caindo, morros vindo abaixo, tragédias anunciadas para um país onde se gasta mais com futebol e carnaval, do que com defesa civil, com projetos sociais, com melhoria da infraestrutura. Mas, é o nosso país e devemos cuidar bem dele.
Passado, presente, futuro!
O ano que chega, como reza a tradição, é um convite à reflexão acerca daquilo que passamos no ano anterior...