A urgente necessidade da implantação do plano diretor de trânsito para Anápolis, assunto que já foi debatido exaustivamente, mas que nunca saiu do papel, está cada vez mais imperiosa, tendo em vista os contornos que a situação alcançou. De nada adianta falar que o trânsito, principalmente no centro da cidade, está piorando a cada dia que passa. Tem sido assim. O que não se admite, entretanto, é ficar-se, apenas, na conversa. A remodelação do sistema viário de Anápolis (em centenas de outras cidades brasileiras também existe o problema) é inadiável. Certamente que este é um assunto para técnicos, engenheiros, especialistas, gente que estudou para isso, gente que ganha para isso. Mas, em última análise, quem sofre é a população.
Questiona-se a inexistência de um horário fixo, diferenciado, para as operações de carga e descarga de caminhões, carretas, veículos de entrega e similares, que ocupam grande parte do tempo, em imensas faixas das vias centrais. Por que não se determinar, por exemplo, o horário noturno para tais serviços? Ou, quem sabe, até estabelecerem-se certas horas do dia? Com certeza, a decisão sobre isso passaria pelo lobby dos comerciantes, dos grandes atacadistas localizados no setor central que, de maneira incisiva, influenciam em procedimentos assim. Também se contesta, muito, as chamadas faixas de domínio. Estabelecimentos comerciais que rebaixaram as calçadas, alguns com autorização da Prefeitura, outros por conta própria, e transformaram as calçadas em garagens particulares, estacionamentos para clientes e, por aí vai.
Não é difícil ainda se encontrar em Anápolis, a qualquer hora do dia, ou da noite, espaços reservados para operações comerciais, tomando a vaga que seria, em tese, de todos, pois, afinal de contas, todos são iguais perante a lei. Não se concebe que alguns privilegiados ocupem, sistematicamente, os espaços, em detrimento da maioria. Mas, em Anápolis isto acontece. Pensar o trânsito! É prioridade não só da Prefeitura ou da CMTT. É um dever de todas as lideranças comunitárias, dos formadores de opinião, das entidades classistas, das pessoas que fazem o dia-a-dia na cidade.
A situação está caminhando para resultados imponderáveis, dissociados, imprevisíveis, e, acima de tudo, preocupantes. O volume de veículos que não pára de aumentar nas acanhadas ruas do centro e de muitos bairros; a falta de opções para estacionamentos, o comportamento de muitos que se acham “donos” das ruas e das calçadas, aliados, principalmente, à intolerância de muitos, têm feito de Anápolis uma cidade onde o trânsito é um dos mais complicados do Brasil. Como se não bastasse isso, a fiscalização é pífia. O setor de posturas, que deveria desocupar as calçadas, não funciona. A vigilância dos agentes de trânsito, muito menos. A permissividade dos órgãos policias que abusam da tolerância e, principalmente, a ausência do poder público como órgão moderador, para disciplinar tudo isso, têm feito da comunidade anapolina uma das mais sofridas em termo de mobilidade. O trânsito não flui, o pedestre não é prioridade, os direitos não são respeitados. Ninguém sabe quando isso vai terminar. Ou onde isso vai parar.
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