Segundo o criador do expressão que dá nome a este artigo, o escritor e teatrólogo Nelson Rodrigues (1.912-1.980), a frase referia-se à inferioridade que o povo brasileiro se colocava em relação ao resto do mundo, em decorrência da perda da copa do mundo de futebol para o Uruguai, em 1.950. Assim, para ele, o brasileiro se comportava com um narciso às avessas que cospia na própria imagem, voluntariamente. Rodrigues vaticinou: verdade é que não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a auto-estima. Triste sina de um passado distante.
O conceito de Rodrigues, contudo, não era novidade. Afinal, não há registro de qualquer protesto contra o conde Frances Arthur de Gobineau que, ao desembarcar no Rio de Janeiro, em 1.845, chamou os cariocas de ´macacos´. Ao contrário, muitos afirmaram que a inferioridade do nosso povo era fruto da ignorância. O escritor Monteiro Lobato, em algum momento, desanimado, chegou a afirmar e escrever, justificando, que o brasileiro era ´filho de pais inferiores… dando como resultado um tipo imprestável… Charles Darwin, passando por aqui, no navio Beagle, inferiu que o brasileiro era apático, preguiçoso e conformado. Calados, consentimos!
Mas, afinal, continuamos com este completo de vira-latas? Pelo menos em boa parte de nossa população, tristemente, a resposta é SIM! Os sucessivos escândalos de corrupção a que estiveram envolvidos nossos governantes nas últimas décadas só reforçam nosso complexo de inferioridade. Afinal, não sabemos, não entendemos, não temos ações concretas para extirpar este monstro chamado corrupção que consome 3% do nosso PIB anual, ou aproximadamente 200 bilhões de reais. Como avaliar que nossa auto-estima está em elevação se grande parte de nosso povo se contenta com o pouco que recebe de governantes comprovadamente corruptos? Como entender o sonho da volta a um passado comprovadamente insustentável, verificado através de pesquisas recentes? Por que este sofrido povo não procura melhorar através da educação, por exemplo? Difícil entender! Só explicável pelo ciclo vicioso da ignorância.
A verdade é que grande parte de nossa gente continua acreditando em governo grátis, ou seja, aquele que promete vantagens para todos, sem custo para ninguém, o que é uma balela, uma mentira! O mal que esta crença faz ao país como um todo, adicionado ao nosso eterno complexo de vira-lata (satisfazer com muito pouco: bolsa família é um bom exemplo), leva-nos, cada vez mais a distanciarmos dos povos e das nações desenvolvidas. Sina que, infelizmente, estamos todos condenados. Por quanto tempo? Impossível prever! O caos, em algum momento, será nosso destino final. A ver.
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