Por Vander Lúcio Barbosa
De forma equivocada as pessoas costumam definir periferia de uma cidade como sendo local atrasado, sinônimo de violência e de discriminação social. Muitos veem a chamada periferia como área de risco, onde predominam a pobreza e o atraso social. Mas, não é nada disso. Quem assim se fala é porque nunca foi aos bairros mais afastados e, se foi, não se deteve para observar o quanto eles são fundamentais para o equilíbrio social.
Para início de conversa, seria bom dizer que periferia é a região que contorna o centro histórico ou comercial de uma cidade. Nada mais, nada menos, do que isso. Mas, por conta da ignorância de muitos, a periferia é lembrada, prioritariamente, quando das eleições. Por lá aparecem candidatos de todas as tendências e com as mais mirabolantes propostas e promessas. Findo o processo, ganhando ou não, nunca mais eles aparecem por lá.
Moradores da periferia são tão cidadãos como os que residem nos chamados setores nobres. Eles pagam os mesmos tributos; pagam o mesmo preço pela gasolina, pelos alimentos, pelos remédios, por tudo. A diferença é que quase nunca são alcançados pelos projetos públicos. Não têm, por exemplo, o serviço de varrição de ruas feito diária e constantemente, no chamado centro comercial.
O transporte urbano é falho, precário, demorado e caro. A iluminação, quando existe, é de baixa qualidade. Morador de periferia não tem atendimento de saúde à altura de suas necessidades. Morador de periferia não tem cobertura de segurança e quando vê alguma viatura policial, já imagina que estão atrás de algum marginal que, presumidamente mora por ali, como se bandido só morasse em periferia.
Isso precisa ser mudado. Os governos precisam enxergar os bairros distantes, a chamada periferia, como parte ativa integrante do contexto social. É da periferia que todos os dias, pela madrugada principalmente, saem milhares e milhares de trabalhadores que vão para as fábricas, para as lojas, para as oficinas.
É da periferia que, todos os dias, saem pacientes para os hospitais, clínicas e comércio variado. É na periferia que estão os pequenos estabelecimentos; os sacolões; as mercearias, as farmácias e os chamados salões de beleza que oferecem milhares e milhares de empregos. É da periferia que saem, de madrugada, as empregadas domésticas que vão cuidar das mansões nas regiões tidas como nobres.
Por tudo isso e por muito mais, é que os moradores da periferia precisam de um olhar diferenciado, não politiqueiro, mas, da sociedade, dos formadores de opinião. Na periferia tem muita coisa boa que deveria ser aproveitada e não é, por causa da estupidez de quem não a conhece e, mesmo assim, a condena ou a rejeita. Mas, esse povo simples, ordeiro e trabalhador, insiste na sua saga, com a esperança de que, um dia, a justiça social lhe seja aplicada neste País.
Existem valores que cultivamos, e que pela dificuldade que nos circunda os torna latentes em nossa conduta…..seria interessante escrever sobre isso…
Valeu