Dentro de mais alguns dias os brasileiros vão conviver, de novo, com o famigerado Horário Brasileiro de Verão. O objetivo, segundo o Governo, é economizar energia. Ora, se é para economizar, significa que estamos gastando energia de forma incorreta, ou seja, acima do que é necessário.
Ocorre, entretanto, que não é só a energia elétrica que não sabemos gastar, ou usar. Há outros procedimentos, também, que, igualmente, poderíamos adotar para que os brasileiros economizassem água, combustíveis, e, principalmente alimentos. Não adianta sermos grandes produtores, se somos, também, grandes desperdiçadores. Um exemplo é a produção de grãos. Na última safra, de acordo com fontes do Ministério da Agricultura, as lavouras brasileiras geraram 115,2 milhões de toneladas de produtos, como milho, soja e feijão. Para se ter uma idéia da capacidade brasileira de produzir no campo, nos últimos 13 anos a área plantada no Brasil cresceu 12% e a produção física, 99%, ou seja, a produtividade no campo aumentou 74%. Produzimos mais em uma área que pouco cresceu.
Esse crescimento se deve às tecnologias aplicadas no campo. Isto vai desde pesquisas elaboradas em importantes laboratórios de empresas especializadas no ramo, até o uso de equipamentos modernos de plantio e colheita. Uma tecnologia comparada à mesma utilizada em países da Europa e da América do Norte.
Na produção de carnes o Brasil é também uma potência. São, por ano, mais de 20 milhões de toneladas de carne (bovina, suína e aves) gerando, aproximadamente, US$ 4 bilhões em exportação. Goiás está entre os estados que mais contribuíram para esse excelente índice. O agronegócio representou, no ano passado, 29% do Produto Interno Bruto, o que gerou mais de R$ 424 bilhões. Em números, isso corresponderia, hoje, a 37% do total dos empregos e 41% do total de exportações nacionais.
Ocorre, todavia, que, no Brasil, onde há condições de produzir alimentos para o mundo, existe um contraste grotesco e que envergonha a todos. Ao mesmo em tempo que estamos produzindo no campo, criamos condições que levam, diariamente, para o lixo, milhares de produtos que poderiam alimentar a quem passa fome.
Todos os dias, 39 mil toneladas de comida, em condições de alimentar seres humanos, vão para outra boca: a do lixo. Esse desperdício é verificado em restaurantes; mercados; feiras; fábricas; quitandas; açougues e, até mesmo, dentro de nossa própria casa. O que se joga fora é suficiente para dar café, almoço e jantar, diariamente, a 19 milhões de pessoas. Os dados fazem parte de uma pesquisa divulgada pela revista Superinteressante, levando-se em consideração, apenas, o que poderia ser aproveitado facilmente, sem grandes mudanças no processo de produção ou de distribuição.
O que mais magoa, é saber que, enquanto muita comida é jogada no lixo, mais de 44 milhões de brasileiros vivem na linha da miséria. Do total, quase 20% de toda essa gente, efetivamente, passa fome no Brasil. E, lamentavelmente, em Anápolis isso não é diferente. Toneladas e mais toneladas de alimentos são jogadas, todos os dias, no lixo. Estaria faltando entre nós, a consciência, a solidariedade e, acima de tudo, o compromisso com a cidadania.
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