Mara Gabrilli foi reeleita para a Câmara Municipal de São Paulo com a maior votação recebida por uma vereadora em todo Brasil. O que surpreende nesta mulher é o fato de ser tetraplégica há 15 anos – conseqüência de um acidente de carro – e não mover um músculo do pescoço para baixo.
Apesar de sua condição, administra uma ONG que apóia portadores de deficiências físicas, dá palestras e é um dos membros mais atuantes da câmara.
Certo dia, o editor de livros, Luiz Colombini, durante um almoço com Gabrilli, perguntou se ela acreditava que voltaria a andar, e ela respondeu com tranqüilidade e segurança: claro que vou, só que não vou esperar que isto aconteça para começar a ser feliz”.
Pois é. Tem muita gente recusando-se a ser feliz e a começar a viver por causa de uma experiência dolorida, e talvez, até trágica como neste caso. Vive como se estivesse anestesiada pelo veneno do ódio, da amargura, da culpa ou da raiva, e por isto desiste de viver, interrompe seu sonho e seus planos, por causa de uma experiência mal resolvida.
A Bíblia afirma que “Hoje é o tempo sobremodo oportuno, hoje é o dia da salvação”. O amanhã pode ser tarde, ele só existe hipoteticamente, porque sequer sabemos se estaremos nele ou não.
O narrador de grande sertão, veredas, um clássico da literatura brasileira escrito por Guimarães Rosa afirma repetidamente: “Viver é negócio muito perigoso”. Não existe seguro de vida, como nos querem fazer pensar as seguradoras. Ninguém tem poder sobre a morte, sobre a vida, sobre a natureza, sobre o destino. Não dá para adiar projetos que tenham a ver com nossa vida, felicidade e sonhos. Adiar a vida é antecipar a morte. Simplesmente não podemos parar de viver, esperando ou condicionando nossa felicidade a algum novo acontecimento. A fila está andando, ela não para…
Não podemos ficar esperando para viver…
Passado, presente, futuro!
O ano que chega, como reza a tradição, é um convite à reflexão acerca daquilo que passamos no ano anterior...