Os países desenvolvidos custeiam parcela considerável do transporte público com recursos extratarifários. A lógica deste financiamento universalizado, que chega a 70 por cento e, em alguns países, a 100 por cento do valor da passagem, é que não só os usuários diretos se beneficiam de um transporte de qualidade, mas toda a sociedade.
Em Londres, o subsidio têm origem no orçamento público; em Bruxelas é financiado por uma organização sem fins lucrativos; nos Estados Unidos é subsidiado pelas universidades. No Brasil, apenas a cidade de São Paulo oferece subsídios significativos, enquanto em Belo Horizonte o sistema é pago quase que integralmente por quem anda de ônibus.
Para a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) a instituição de incentivos públicos poderia gerar um barateamento de até 25% das tarifas no país. Discorre-se no ambiente do Instituto de Políticas Econômicas Aplicadas (Ipea) projetos para melhorar a mobilidade no país e o subsídio é uma delas.
Em Anápolis, a concessionária do serviço de transporte coletivo busca a modicidade tarifária, uma vez que a sociedade não suporta a tarifa técnica. Goiânia, Aparecida de Goiânia e outros municípios da Região Metropolitana são donatários da isenção do ICMS do óleo diesel do transporte coletivo. Mas Anápolis não tem esse incentivo. Enquanto subsidia o valor integral do passe livre estudantil de Goiânia e Aparecida de Goiânia, o Estado de Goiás paga o equivalente a 50 por cento do valor da passagem do estudante em Anápolis.
Questionado por empresários na reunião da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (quarta-feira 5 de setembro), o governadoriável Ronaldo Caiado (DEM) adiantou que, se eleito, concederá ao município incentivos legais para viabilizar a modicidade tarifária do transporte público. Anápolis cobra isonomia não para aumentar a receita do sistema, mas para reduzir custos e amenizar o impacto tarifário.
De um sistema altamente onerado, tributariamente e operacionalmente, e que ainda sustenta as gratuidades, não há como esperar uma tarifa módica. Modelo político de inclusão social e otimização da mobilidade urbana, a modicidade coloca do mesmo lado a concessionária do transporte coletivo (Urban), o poder concedente (Prefeitura Municipal), os usuário do sistema e as empresas que pagam o vale transporte dos trabalhadores.
É uma mudança de comportamento que precisa envolver o protagonismo do poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), da imprensa, das lideranças políticas e da pluralidade da população, incluindo quem usa o transporte coletivo e quem não usa. Assim como nos países desenvolvidos. Buscar recursos extratarifários para manter a qualidade do transporte público é uma iniciativa que beneficia todos os segmentos da população, direta e indiretamente. Se o transporte coletivo parar a cidade não anda.
Ônibus é solução em qualquer do mundo e continuará sendo, por muito tempo, o principal e o mais viável meio de transporte para a maioria da população, ao desenvolver um papel social e econômico de grande importância, com enorme potencial de democratizar a mobilidade, reduzir congestionamentos e níveis poluição, além de minimizar a necessidade de construção de vias e estacionamentos.
Transporte público urbano por ônibus é modernidade, cidadania, sustentabilidade, qualidade de vida e desenvolvimento econômico. Se o transporte coletivo parar a cidade não anda.
Tarifaço e Bolsonaro e a pré-campanha de Caiado nas redes sociais
Deu muito o que falar o tarifaço do presidente Donald Trump, acompanhado do apoio ao ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Nas...