O solo urbano de Anápolis mais parece um campo minado. Toda vez que a Prefeitura vai realizar uma obra de escavação na chamada “parte velha da cidade” é um suplício. Resultado de uma cidade que cresceu sem qualquer planejamento, sem qualquer correção. Ficou ao deus dará. Dois recentes episódios retratam, muito bem, o que se pretende colocar. O rompimento da barragem sobre o Córrego “João Cesário”, na Avenida Fayad Hanna é o primeiro deles.
O segundo problema, de uma série, ficou mais do que claro, em uma obra que seria, a princípio, apenas, a correção de dutos para o escoamento de água pluvial na Rua Primeiro de Maio. Mas, foi só abrir a primeira vala, e os trabalhadores se surpreenderam com o estrago que havia no local. Como se não bastasse uma rede arcaica, descobriu-se que o sistema é inadequado para o volume de água, principalmente em se considerando que grande parte do esgoto sanitário de casas, prédios e empresas do centro da cidade, se canaliza, justamente, para a rede de captação de água pluvial. É um emaranhado de redes, muitas delas clandestinas. Daí, entender-se por que o entupimento das galerias, porque a qualquer chuva mais pesada, as canalizações ficam obstruídas e a água jorra pelas caixas de visita (aquela espécie de reservatório que fica no meio da rua) como se fosse uma fonte natural. Toda vez que chove é assim.
Isto posto, fazer o quê? Culpar a quem? Certamente, fica mais fácil culpar as administrações passadas, que não tiveram o zelo, ou não perceberam que Anápolis iria crescer em número de edificações. Certo? Mais ou menos. É que os governantes da época não tinham a noção de que, pessoas inescrupulosas, mal intencionadas, iriam ligar suas redes de esgoto sanitário na de água pluviais. Mais do que isso, não se tinha a convicção de que, num futuro próximo, milhares e milhares de garrafas pet, papelão, madeira, pneus velhos e outros detritos iriam parar na canalização, fruto, por certo, de uma população que não se educou ecologicamente.
E agora? Que remédio? Ora, o remédio é enfrentar a situação. Dinheiro para fazer uma reformulação total nas redes coletoras, com certeza, a Prefeitura não tem. Hoje. Amanhã, quem sabe. Então, o que resta é fazer os remendos. Estourou aqui, conserta-se aqui. Amanhã, estoura-se a rede dez metros adiante, conserta-se lá. Até um dia, quem sabe, uma outra idéia mais interessante seja criada. Mas, enquanto isso não ocorre, a população que, inocentemente, vem pagando impostos sobre impostos, IPTU sobre IPTU, além de outras tributações, vive as dificuldades da falta de planejamento, ou, para não falar, falta de responsabilidade.
Passado, presente, futuro!
O ano que chega, como reza a tradição, é um convite à reflexão acerca daquilo que passamos no ano anterior...