Terminal Urbano de Anápolis é intocável

Anápolis supera os 200 mil automóveis, quando a Diretora de Transporte da Companhia Municipal de Trânsito e Transporte, Fernanda Mendonça, alerta que agora, mais do que nunca, temos que trabalhar a cidade para o transporte coletivo, porque o veículo particular transporta no máximo cinco pessoas, enquanto o ônibus leva 60 a 80 passageiros de uma única vez. “Falar que o centro da cidade não comporta um terminal urbano seria julgar que a população menos privilegiada não poderia mais ir ao centro”, disse a gestora ao blog Rede Integrada de Transporte Coletivo, ao definir os rumos da política de transporte da cidade e a manutenção do Terminal Urbano, em localização estratégica da rede comercial e perto dos principais serviços.
“Um terminal central de integração é desejo da maioria das cidades que não dispõem desse equipamento urbano. A população de Goiânia, por exemplo, sempre clamou por um terminal central, e nós que temos esse privilégio não podemos, de jeito nenhum, defender a sua demolição” – declarou Fernanda ao jornalista Rafael Martins.
Aos que trabalham para ver o terminal longe do centro da cidade ela pergunta: “Eu gostaria de saber se estas pessoas fazem o uso contínuo do ônibus, porque eu acredito que todas elas usam automóveis, e quem tem veículo particular pode ir a outros centros comerciais. Para quem só pode usar o ônibus, o centro é o local mais atrativo da cidade, principalmente aos sábados”.
Ao analisar a importância da zona central local, a técnica foi contundente: “Nas outras cidades o centro morre, em Anápolis ele aflora. Então, nós temos que valorizar isso. O desafio das grandes metrópoles é resgatar a região central, como São Paulo, onde o centro é morto. O Terminal Urbano garante a sobrevivência do centro de Anápolis”. Não é por acaso que as grandes redes de lojas e serviços migram, cada dia mais, para as proximidades da estação de integração do transporte coletivo. Enquanto é chamado de “centro velho” na maioria das cidades, a parte antiga de Anápolis é um autêntico shopping a céu aberto.
A Diretora de Transportes da CMTT anunciou que o transporte público será uma das prioridades do novo Plano Diretor de Anápolis e que o Plano de Mobilidade em elaboração vai impactar significativamente o futuro da cidade.
Para quem um pingo é letra, o Terminal Urbano não vai sair do lugar onde está. É bem provável também que a ala sul não será demolida para desobstruir o prédio da antiga Estação Ferroviária, em cumprimento a decisão judicial: uma sentença culturalmente correta, mas burra e injusta do ponto de vista social. A proteção do prédio tombado é tutelada pelo Iphan, mas o terminal é garantido pelo princípio constitucional da relevância social. Enquanto não for encontrada uma solução para a diminuição do contingente de pessoas que passam diariamente pelo Terminal Urbano, sinal vermelho para a demolição. O Passe Temporal ensejará terminais virtuais nos entroncamentos de linhas, onde poderá ocorrer o segundo embarque gratuito fora do Terminal Urbano, que continuará sendo usado pela maioria da população, segurança e conforto. Apesar de ser o local de maior aglomeração humana da cidade – 75 mil pessoas dia – o terminal é o mais seguro, com estatística de ocorrências policiais perto de zero. Por necessidade pública e justiça social é preciso encontrar alternativas para facilitar a visão e o acesso da população ao patrimônio histórico, sem destruir o bem social. Até lá, a ordem de demolição deve ser permanecer inócua.
Pensar o futuro de Anápolis é priorizar projetos voltados para a sustentabilidade e a acessibilidade, conquanto nem imagine a mutilação do cérebro da mobilidade urbana, indutor de desenvolvimento econômico e gerador de qualidade de vida, através de tecnologia de ponta que exporta o nome da cidade e garante o gerenciamento totalmente informatizado do sistema “troca-linha”, único no mundo, que será brevemente importado pelo Distrito Federal. A não ser que a Municipalidade aplique recursos da outorga da licitação do transporte coletivo e de verbas federais que estão sendo alocadas para a execução do plano de mobilidade, na desapropriação da área da antiga Induspina e na construção de um novo terminal.
Mas este é assunto para o próximo artigo.