…Foi definida como uma obra que encerra um grande veio lingüístico, rica para a exploração da lingüística semântica e sociológica, retratando, principalmente, o jeito de ser, de viver, o sofrimento do povo do interior goiano, da época. O livro de autoria do goiano Hugo de Carvalho Ramos, com nome de capa ´TROPAS E BOIADAS´, completou 100 anos de sua primeira edição, em fevereiro do ano em curso. Editado quando o autor tinha apenas 22 anos de idade, o jovem autor foi definido como um provável editor do renascimento da literatura sertanista em nosso país. Porém, Hugo foi-se antes disto: morreu por suicídio, enforcado, com apenas 25 anos de idade, em 1921. Ao ler o livro, o escritor brasileiro Mário de Andrade, em 1942, apontou a obra como uma exigência para quem se interessava pela realidade brasileira de então. Sua última edição foi em 1984, pela Livraria e Editora Cultura Goiana.
A respeito do livro, o Professor Heleno de Godoy, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás, afirmou que TROPAS E BOIADAS é a única obra goiana que é referência em todos os livros de literatura brasileira. Sem esse livro, não existiria a tradição literária capaz de insuflar o surgimento da obra de Bernardo Elis e do mineiro Guimarães Rosa, afirma. Regionalistas, as histórias, em estilo narrativas dos contos inseridos no livro, retratam a dura realidade, a vida social, a crueldade dos acontecimentos, as dificuldades enfrentadas por um povo bravo, sem assistência, relegado à própria sorte, tudo com um palavreado, às vezes clássico em demasia às vezes regional por demais (crítica minha), sobre o aspecto social. Acreditam-se, vários escritores, que desta obra, terá emergido a inspiração maior do escritor Euclides da Cunha, no livro Os Sertões, ao referir ao sertanejo como um forte.
Cá prá nós, como é bom ler e reler os contos: ´Caminho das Tropas,´ ´Mágoa de Vaqueiro,´ ´Caçando Perdizes,´ ´Ninho de Periquitos´ entre outros inseridos no livro. É fazer uma viagem célere ao passado, com todas suas tradições e dificuldades, traduzida com palavras sutis, inteligentes, poéticas, em grande maioria complexas só acessíveis, à época, a quem tivesse um bom dicionário de língua portuguesa. Em síntese: é um relato histórico, uma aventura a um interior de um estado ainda não descoberto (Goiás), num tempo em que o Brasil, chamava-se Rio de Janeiro, cidade onde Hugo viveu por algum tempo e iniciou sua depressão que o levou à morte.
Hugo de Carvalho Ramos, foi uma promessa forte no meio literário nacional. Sua passagem rápida pelo planeta terra não foi em vão, contudo. Deixou raízes fortes. Seu estilo de regionalismo clássico e puro inspirou muitos escritores: Bernardo Elis, Guimarães Rosa, Euclides da Cunha entre outros foram beneficiados com Hugo. Registro, aqui, minhas homenagens póstumas, convidando você, leitor, a ler o livro e deliciar-se com o que de melhor se pode
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