Que o sistema prisional brasileiro é falido, não há qualquer dúvida. É um sistema que não corrige, não recupera e nem aperfeiçoa ninguém. Muito pelo contrário, as cadeias, seja de que dimensões forem, sejam elas as chamadas de segurança máxima, ou os simples pardieiros existentes nos mais distantes rincões brasileiros, servem mais como depósitos de presos e, acima de tudo, escolas, algumas refinadas, de criminalidade, do que centros de reeducação, como são definidos tais estabelecimentos. É de dentro da maioria deles que se comanda o narcotráfico e outros delitos “barra pesada”.
Quem entra na cadeia no Brasil porque roubou uma galinha, sai de lá sabendo assaltar à mão armada, roubar carro, sequestrar e traficar drogas. Dentre outras coisas. Com raríssimas exceções, é claro. Há casos, mas são poucos, de gente que entrou nessa vida por um infortúnio, uma “cabeça quente”, um azar, e que conseguiu sobreviver, deu a volta por cima e se recuperou. Mas, repetimos, são raríssimos os casos. Tanto é verdade que mais de 70 por cento dos detentos são reincidentes, ou seja, já passaram pelas celas por mais de uma vez
O que mais se vê, todavia, nas cadeias do Brasil, é a materialização da bestialidade, da degeneração humana, da apocalíptica decadência de quem adentra os muros de uma prisão. Os que passam por essa desventura, estão, praticamente, entrando para uma jornada sem retorno, rumo à dor, ao sofrimento e, seguramente, a uma vida degradante. Vão “comer o pão que o diabo amassou”, conforme se diz na linguagem popular. Uma pena!
A notícia de que filhas de sentenciados estão sendo levadas para satisfazerem aos instintos promíscuos de outros presos na cadeia pública de Anápolis, não assusta a quase ninguém. Na cadeia impera a “lei do cão”. Cada um paga a “liberdade” ou o “conforto” com o que tem. No caso, com a dignidade das filhas, algumas adolescentes. Isto quer dizer que vale tudo. E não há segurança que dê jeito, não há policiamento que conserte, enquanto não se mudarem as leis, os costumes e o sistema prisional. Cadeias superlotadas, rebeliões todos os dias, e o governo fazendo de conta que não é com ele. Se não for com ele, então, com quem será? É o que a sociedade está perguntando. Há anos, décadas talvez, por sinal.
Da polarização à união é o desafio pós-eleições
A polarização política intensificada durante o primeiro e segundo turnos das eleições de 2024 trouxe à tona uma série de...