Data foi criada para conscientizar a população da necessidade de se preservar fontes naturais
Olhando de fora, nosso planeta mostra mais água do que terra. Cerca de 2 terços da superfície são cobertos por esse manto azul, responsável direto pela vida no planeta. Mas se engana quem pensa que é um recurso abundante e inesgotável. É que apenas 0,77% desse líquido está disponível para consumo. A imensa maioria é salgada e está nos oceanos. Uma outra parte está congelada nos polos Norte e Sul. Rios, córregos, nascentes, lagoas e lagos são uma exceção. É por isso que a ONU estima que 1 em cada 3 pessoas não tem acesso à água potável, o que significa prejuízos enormes para a saúde e o desenvolvimento humano em todos os sentidos, do biológico ao econômico e social
O Brasil detem 70% dessa minúscula fatia, causando inveja pela abundância em recursos hídricos. Mas, nem tudo são flores. A região Norte concentra 80% desse manancial, tendo apenas 5% da população. Os outros 95% dividem de forma desigual os 20% que restam. Essa má distribuição natural é fonte de inúmeros problemas que, por desconhecimento do poder público e dos próprios cidadãos, foram se acumulando e crescendo ao longo das décadas. O mesmo foi observado em praticamente todos os países. A diminuição da oferta de água no mundo frente ao aumento da população e a destruição das fontes de abastecimento se tornaram um problema tão grave que, em 1992, a ONU criou o Dia Mundial da Água, celebrado desde então todo dia 22 de março
ntão todo dia 22 de março. O objetivo da data foi delegar aos países membros a responsabilidade de tornar pública, em seus territórios, a urgência em se reverter o quadro de destruição progressiva que se instalou no planeta desde a Revolução Industrial. Milhares de estudos comprovaram a necessidade de se adotar práticas sustentáveis na convivência dos seres humanos com o meio ambiente. Perto de completar 30 anos, o Dia da Água foi levado a sério pelos governantes e, a realidade que vemos hoje, em termos de conscientização é bem diferente da observada nas décadas de setenta e oitenta, tanto pelo poder público quanto pelos habitantes de cada localidade. Tanto é que, em nossa nação, não só o Governo Federal promove campanhas e ações em prol da água, mas estados e municípios também possuem agendas próprias.
Em Anápolis, a data vem sendo comemorada com palestras em escolas, plantio de mudas nativas e a apresentação de balanços de programas anteriores que já apresentam resultado. Entre as atividades de destaque do município estão as obras realizadas para promover a infitração da água no solo dentro da área urbana. De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Jakson Charles, um dos problemas que mais chamam a atenção dos moradores é o alagamento das vias urbanas durante o período chuvoso. A cidade recebe todos os anos uma média pluviométrica de 1.441 mm. O mês de maior incidência de chuvas é janeiro, quando o índice costuma fechar na casa dos 250 mm. “Percebemos que as galerias pluviais não são capazes de absorver o imenso volume de água. Além disso, entopimentos são comuns, o que deixa a situação ainda mais evidente”, diagnostica ele.
Diferente do problema, a solução é discreta, mas já está presente em mais de 10 pontos e tende a ser adotada com cada vez mais frequência. Trata-se dos Jardins de Chuva. Quem visita a praça Dom Emanuel, no bairro Jundiaí ou o viaduto de acesso à BR 414, na região Norte, pode conferir em detalhes como ele funciona. Grosso modo, trata-se de um buraco fundo, feito no solo e coberto com camadas de areia, brita e substratos, cobertos com vegetação. Essa área se torna preparada para receber um grande volume de água que permanece armazenada enquanto se infiltra na terra. “É a maneira mais barata e mais correta de se eliminar os alagamentos, colaborando ainda para a manutenção do lençol freático e, de quebra não sobrecarregar as galerias pluviais”, explica Jakson.
Segundo o secretário, esse serviço também é feito em áreas rurais, e podem ser notadas ao longo das estradas, onde pequenos poços se formam para lentamente desaparecerem no solo. Nesses casos, apenas os buracos são feitos, dispensando na maioria das vezes a necessidade do uso de outros materiais. Os Jardins de Chuva são o oposto da prática que dominou o século xx, quando o cimento e o asfalto eram sinônimos de limpeza e progresso. “Hoje a população sabe e até cobra a implantação de medidas como essa, o que gera reconhecimento e motivação pelo trabalho”, analisa o Jakson Charles.