Numa comparação com os últimos três anos, a porcentagem de obras paralisadas aumentou de 29%, em 2020, para 41% em 2023. No mesmo período, a quantidade total de projetos diminuiu significativamente (6.119 obras a menos), apesar do aumento do investimento previsto. O valor total de recursos investidos passou de R$ 75,95 bilhões em 2020, para R$ 113,65 bilhões em 2023. E, lamentavelmente, pouca coisa, ou, nada, mudou.
Isso é o que se pode chamar, literalmente, de “farra com o dinheiro público”. Recursos dos cofres públicos são usados para obras inacabadas que não servem para nada, apenas para enriquecer empreiteiras. Esse fenômeno ocorre em cidades de todos os tamanhos. Obras são prometidas, licitadas, iniciadas, mas depois abandonadas sob diferentes pretextos. A população se sente desprotegida e traída, com escolas, estradas, hospitais, esgoto, água e energia prometidos pelos governos nunca se concretizando ou sendo entregues pela metade.
Após o período de gestão, o governante substituto frequentemente ignora obras inacabadas, propondo novos projetos e esquecendo que essas obras são do povo, não de seu antecessor. O ciúme, a inveja e o desprezo pelo que foi iniciado levam ao abandono de projetos quase concluídos, resultando em desperdício de recursos. Raramente uma administração conclui obras deixadas por outra, e quem paga a conta é o cidadão, o contribuinte, o eleitor.
Já passou da hora de existir, no Brasil, uma lei que obrigue o candidato eleito a continuar projetos interrompidos. O dinheiro do povo não pode alimentar vaidades e caprichos de políticos. Ele vem dos tributos, do sacrifício de trabalhadores de baixos salários, que votam na esperança de que os políticos respeitem o erário. Com essa legislação, candidatos saberiam das regras antes de disputar. Sem isso, o ciclo vicioso continuará, eleição após eleição, governo após governo. Isso é inaceitável.