O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) comemorou, esta semana, o recuo de 100 mil pessoas na fila dos benefícios. Esta, passou 1,7 milhão para 1,6 milhão de pedidos em espera de análise, isto em março. E revela que, se comparado a 2019, ano anterior ao início da pandemia da Covid-19, no mês de janeiro, o número de análises estava em 1,8 milhão e chegou ao maior da história em julho, quando registrou 2,4 milhões. Nos anos seguintes, a média foi 1,7 milhão em 2020 e 1,8 milhão em 2021. Claro que, numa circunstância desta é bem melhor que a fila diminua, ao invés de aumentar. Mas, convenhamos: mais de um milhão e meio de brasileiros esperam, ansiosamente, pelo menos, a análise de seus casos para saberem se lhes compete algum direito. É muita gente angustiada.
Esta é a situação da política previdenciária brasileira, faz tempo. É um problema de Governo Federal, não de Presidente da República, ou de ministro disso, ou, daquilo. Até porque, muitos deles já se revezaram nesses cargos citados e, até hoje, nenhum conseguiu resolver o crônico problema. Trata-se de uma catástrofe nacional e muitos (muitos, mesmo) que aguardam o resultado de confirmação, ou negação, acabarão indo para a cova do cemitério levando consigo a incerteza. Não se trata de qualquer gesto de consternação ou, de dramatização. É a realidade nua e crua, atestada pelo próprio Governo. Uma demonstração mais do que inequívoca de que nós, os brasileiros, ainda temos muito a percorrer para sermos considerados cidadãos de fato e de direito. Há um profundo abismo entre o que é ofertado e o que é essencial.
Campus Party confirma segunda edição em Goiás
Com toda a certeza deste mundo, este exército de contribuintes, previdenciários, cidadãos que trabalham, que votam, que pagam tributos, não têm a mesma correspondência quando se vira a face da moeda. Esse povo é tratado, na maioria das vezes, como gado errante, registrado na canção de Zé Ramalho. Mas, o INSS celebra a queda e a atribui a algumas medidas, como o empenho de servidores, automação, investimento em capacitação e reorganização da estrutura, por exemplo. Mas, admite que, apesar da redução do estoque, ainda são necessárias novas ações para diminuir esta diferença. Hoje, o INSS analisa, por mês, cerca de 751 mil pedidos de benefícios. O número de novos requerimentos mensais é de 674 mil processos.
É matemático: análise de 751 mil e entrada de 674 mil processos, dá uma diferença de, apenas, 77 mil a favor das análises. E, como estão encalhados um milhão e 600 mil documentações, levar-se-ia um tempo, aproximado, de 20 meses para zerar a fila. Caso não haja algum atropelo. E, convenhamos, vinte meses é muito tempo para quem já está na fila há anos. Fila que, por sinal, é denominada pelo próprio INSS, como histórica. E, sem querer ser pessimista, com esta estrutura atual, por certo, as queixas e reclamações dos previdenciários brasileiros, ainda, vão durar muito tempo. Tomara que não…