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A novidade e os sinais dos tempos

de Pedro Sahium
23 de agosto de 2019
em Opinião
Reading Time: 4 mins read
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(…) O mundo, em geral, está praguejado de amorosas modas, e a moda consiste em adorar algo com grande abandono tão-somente para bani-lo depois para todo o sempre.
Goethe

Todo ano, os fabricantes de telefones celulares colocam no mercado um novo modelo – quatro câmeras, tela maior, bateria mais duradoira, carregador sem fio, sensores de impressão digital, mais pixels, comando vocal, etc. Com o celular, podemos ver o jornal, assistir televisão, ver filmes, fazer filmes, enviar fotos, receber mensagens, relatar os eventos do dia nas redes sociais, comprar, vender, alugar, doar, receber, escutar música, assistir aulas, ver que horas são, ascender uma lanterna, mandar e-mails, abrir conta no banco, ler um livro, escrever um blog, verificar o horário do ônibus, pagar a conta do mercado, pedir um taxi, procurar emprego, namorar, e, como não poderia deixar de ser, até telefonar… Ufa!!!

Os fabricantes precisam inovar constantemente, senão o concorrente o fará, e a falência de quem não inova é certa. A inovação é um imperativo do mercado, em todas as áreas, o tempo todo e em todo lugar. O consumo vive sob o signo da moda cujo único objetivo é sair de moda para ceder o lugar ao novo. Esse fenômeno tem raízes profundas e efeitos surpreendentes.

Nas sociedades tradicionais “não existia nada de novo sob o sol”. Roupas, comida, trabalho, laser, arte: tudo era idêntico de geração à geração. No museu do Louvre, na ala da Grécia Antiga, vemos as belas estátuas de mármore, sem assinatura do escultor, representando ‘tipos ideais’ (não indivíduos). A arte, na antiguidade, representa o belo que é definido previamente pela tradição e não o talento e a criatividade individual do artista. Somente com a pintura holandesa no século XVII as cenas do quotidiano tornam-se objeto do artista. A cultura europeia passou por um processo de desconstrução de valores de toda ordem. Os boêmios da Paris do século XIX promoveram movimentos culturais cujo objetivo era chocar a sociedade, contestar os valores pequeno-burgueses, destruir os padrões estabelecidos e criar um novo mundo – mais justo, mais autêntico, mais bonito, mais livre.

O século XX assistiu à uma total desconstrução de todos os valores: Picasso quebra as regras na pintura, Ionesco no teatro, Béjart na dança, Godard no cinema, Schönberg na música, Joyce na literatura. Esse fenômeno é, na verdade, um efeito histórico dos princípios da Revolução francesa, que quebrou as regras do governo, e que é nada mais nada menos que o cartesianismo (a “dúvida radical” que questiona todas as verdades tradicionais) na prática.
Questionamentos possíveis: Acabaram-se os critérios para a qualificação de obras de arte?

O que chamamos de civilização só anseia por distrações?

O que se espera hoje de todos é “pose e escândalo”? E o jornalismo, em especial, se curvou à fome por escândalo?”

Estar “na moda” tornou-se um estilo de vida que exige “permanente e interminável revolução”? (Como sugere o sociólogo Z. Bauman)
Resumindo: a tradição impõe a fonte, define os meios e estabelece o fim; a modernidade aboli as origens e transforma os meios para fins indefinidos. Se a tradição oferece respostas (de onde viemos, como viver, pra onde vamos), a modernidade interroga: quem, como, e porquê.

Somente com a pintura holandesa no século XVII as cenas do quotidiano tornam-se objeto do artista. A cultura europeia passou por um processo de desconstrução de valores de toda ordem. Os boêmios da Paris do século XIX promoveram movimentos culturais cujo objetivo era chocar a sociedade, contestar os valores pequeno-burgueses, destruir os padrões estabelecidos e criar um novo mundo – mais justo, mais autêntico, mais bonito, mais livre.

O século XX assistiu à uma total desconstrução de todos os valores: Picasso quebra as regras na pintura, Ionesco no teatro, Béjart na dança, Godard no cinema, Schönberg na música, Joyce na literatura. Esse fenômeno é, na verdade, um efeito histórico dos princípios da Revolução francesa, que quebrou as regras do governo, e que é nada mais nada menos que o cartesianismo (a “dúvida radical” que questiona todas as verdades tradicionais) na prática.
Questionamentos possíveis: Acabaram-se os critérios para a qualificação de obras de arte?

O que chamamos de civilização só anseia por distrações?

O que se espera hoje de todos é “pose e escândalo”? E o jornalismo, em especial, se curvou à fome por escândalo?”

Estar “na moda” tornou-se um estilo de vida que exige “permanente e interminável revolução”? (Como sugere o sociólogo Z. Bauman)

Resumindo: a tradição impõe a fonte, define os meios e estabelece o fim; a modernidade aboli as origens e transforma os meios para fins indefinidos. Se a tradição oferece respostas (de onde viemos, como viver, pra onde vamos), a modernidade interroga: quem, como, e porquê.

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