O abate de um cavalo às margens da rodovia BR-153, nas proximidades do Posto Presidente, por um policial rodoviário federal, na madrugada do último dia 17, gerou a denúncia de um leitor do CONTEXTO, que se disse indignado com a situação e, principalmente, não entender a conduta adotada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em relação ao caso.
O autor da denúncia, que preferiu não ter o nome divulgado, narra que todo o fato foi testemunhado por um funcionário de sua empresa que estava próximo do local onde o fato ocorreu. Conforme foi descrito, o sacrifício do cavalo foi com um tiro na cabeça. E, somente no outro dia é que a carcaça do animal teve o recolhimento. O leitor reconhece que a presença do animal na pista estaria colocando risco para o trânsito. Entretanto, ficou em dúvida em relação ao comportamento do policial de sacrificar o animal na via pública, na verdade, uma pista secundária à rodovia BR-153. A testemunha teria ouvido dois tiros, mas somente foi confirmada a morte de um animal.
A reportagem do CONTEXTO entrou em contato com o inspetor Júlio Cézar, na manhã da última quarta-feira, 23. E, logo após esse contato, o chefe do Núcleo de Comunicação Social da PRF, Newton Moraes, por telefone, esclareceu detalhes acerca do episódio, já então relatado à direção geral, em Goiânia.
Conforme as informações prestadas pelo policial Newton Moraes, o primeiro chamado notificando a presença dos animais na pista aconteceu por volta das 2 horas da madrugada do dia 17, na altura do quilômetro 101 da BR-153. Uma guarnição foi para o local e os policiais, então, tangeram os animais por cerca de um quilômetro e meio, para tentar evitar uma nova invasão de pista. O que aconteceu por outras duas vezes até por volta das 4:30 horas. O perigo é agravado naquela região, por conta do grande fluxo de tráfego. Diariamente, de acordo com o último levantamento feito pela PRF, nada menos que 20 mil veículos passam pela rodovia. E, a estimativa é de que, em dois anos, esse fluxo diário seja de 30 a 35 mil veículos.
Segundo o Núcleo de Comunicação Social, não existe orientação para o abate de animais. Entretanto – ponderou Newton Moraes – numa situação de risco de vidas humanas, “o policial teve de fazer o abate, de acordo com a legislação, porque é nosso dever zelar pela segurança das pessoas que estão na rodovia. Ele (o policial) teve de destituir uma vida animal, em detrimento de vidas humanas”, ressaltou, acrescentando que no relato da ocorrência, mencionou-se que o dono do animal foi procurado, mas não localizado. A região, inclusive, conta com várias aglomerados urbanos e propriedades rurais. Nenhum dono de animal apresentou, também, qualquer queixa.
Estatística
De acordo com a PRF, trata-se de uma questão grave. Somente este ano, já foram registrados 113 acidentes envolvendo animais, sendo que 36 pessoas ficaram feridas e um óbito foi registrado na BR-153, inclusive, com um cavalo que ficou com parte do corpo dentro do veículo sinistrado. No ano passado, foram 137 acidentes envolvendo animais, com saldo de 64 feridos e duas mortes. Estatisticamente – apontou Newton Moraes – os meses de outubro, novembro e dezembro são os que apresentam maior incidência. A explicação para o fato – disse o policial – é que, devido a estiagem, os animais saem dos pastos para procurarem alimentos, pulam as cercas e, por algum motivo, acabam indo parar nas rodovias. Ai ocasionam um risco alto, porque o impacto de um veículo com um animal é muito forte e as consequências podem ser trágicas. “Agora, de quem é a responsabilidade? É do dono do animal, que deve cuidar com a sua guarda”, enfatizou Newton Moraes, assinalando que um acidente dessa natureza envolvendo a morte de uma ou mais pessoas, pode até caracterizar um procedimento de homicídio culposo.
O chefe do Núcleo de Comunicação da PRF destacou que na região de Anápolis, “não se passa um dia sequer em que não há chamados para fazer a retirada de animais da pista”. Ele citou que recentemente, numa operação, os policiais tiveram que fazer a retirada de 30 cabeças de gado que estavam soltas no trecho entre Anápolis e Abadiânia.