Os caças supersônicos Mirage, da Força Aérea Brasileira, se tornaram um símbolo e entraram para a história do Município
Num passado não muito distante, as pessoas que iam assistir os desfiles de 31 de julho, no aniversário de Anápolis, tinham de estar preparadas para tomar um susto. Foi tradição, durante muitos anos, o sobrevoo dos supersônicos Mirage, da Força Aérea Brasileira (FAB) nos locais onde a comemoração se realizava.
Inclusive, na Avenida Goiás, os caças passavam bem perto (pelo menos era o que parecia), dos prédios. Claro que, com a devida segurança e o treinamento dos pilotos.
Vez por outra, os Mirages cruzavam os céus anapolinos deixando um ratro de fumaça branca e, ao quebrarem a barreira do som, provocavam grande estrondo.
Os aviões de caça da FAB são, portanto, parte da história de Anápolis.
Não é por menos que a cidade tem, seguramente, o maior número dessas aeronaves expostas publicamente: uma no acesso à Base Aérea, outra na entrada da Vila dos Sargentos e uma terceira, na Praça Americano do Brasil.
De forma que os Miragem se tornaram um símbolo e um cartão postal da cidade.
O anúncio do fim da “era Mirage” aconteceu, inclusive, no aniversário dos 106, pelo então comandante da BAAN, o coronel aviador Sérgio Rodrigues Pereira Bastos Júnior.
Até, então, não havia a confirmação sobre qual aeronave seria a sucessora dos Mirage, pois ainda se encontravam em curso as operações de aquisição para renovação da frota de caça, no âmbito do projeto FX.
História
O primeiro Mirage brasileiro voou em 06 de março de 1972, em Bordeaux-França, já ostentando o cocar (emblema) da Força Aérea Brasileira. Em 23 de maio de 1972, embarcaram para a Base Aérea de Djon, França, oito pilotos brasileiros para treinamento nas aeronaves então adquiridas pelo País, para missões de defesa aérea. Esses pilotos pioneiros ficaram conhecidos como os Djon Boys. Eram eles: Cel. Aviador Antonio Henrique Alves dos Santos; Ten. Cel. Av. Jorge Frederico Bins; Ten. Cel. Av. Ivan Moacyr da Frota; Mj. Av. Ronald Eduardo Jaeckel; Mj. Av. Ivan Von Trompowski Douat Taulois; Mj. Av. Lúcio Starling de Carvalho; Mj. Av. Thomas Anthony Blower e o Cap. Av. José Isaías Vilaça.
Religião e fé estão presentes na raiz da história e do desenvolvimento da cidade
Para abrigar os aviões de caça supersônicos Mirage da Marcel Dassault, a Força Aérea decidiu pela construção da Base Aérea em Anápolis, a 130 quilômetros de Brasília, a Capital Federal. O Núcleo da 1ª. Ala de Defesa Aérea foi ativado em 30 de outubro de 1972, em solenidade que contou com a presença de vários oficiais da Força Aérea, do então Governador Leonino Caiado e do então Prefeito Henrique Santillo. Em 11 de abril de 1979, foi criado por meio do Decreto Presidencial Reservado nº 04, o 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA), oriundo da 1ª. ALADA.
O primeiro Mirage chegou ao País, a bordo de um avião C-130, que pousou na BAAN no dia 1º de outubro de 1972. O primeiro voo no Brasil foi realizado no dia 27 de março de 1973 por Pierre Varraut, piloto de provas da Marcel Dassault. O primeiro voo militar foi realizado sobre a Capital Federal em 06 de abril de 1973, com seis aeronaves em formação, liderada pelo Jaguar 01, Cel. Av. Antonio Henrique.
Os caças, além de atuarem em diversas missões militares, também protagonizaram alguns momentos importantes, como o voo no F-103 do piloto de Fórmula Um, Ayrton Senna, que havia conquistado o seu primeiro título mundial e obteve autorização para voar na aeronave, no dia 29 de abril de 1989. Outro que voou de Mirage foi o, então, Presidente Fernando Collor de Mello. Além desses, convidados da FAB, também, puderam experimentar a velocidade supersônica, como alguns repórteres de televisão, um religioso (o, então, capelão da Base, Aloísio Catão Torquato) e vários outros, ao longo de muitos anos. Em 1994, um Mirage e um F-5 escoltaram o DC-10 da Varig que trouxe a Seleção Brasileira campeã no mundial de 1994.