Embora não visem lucro, as instituições têm implantado técnicas administrativas mais eficientes e querem dividir essas experiências entre si
O presidente da APAE ANÁPOLIS, Vander Lúcio Barbosa, recebeu na sede da instituição o Padre Clayton Bergamo, administrador da Santa Casa de Anápolis. A visita de cortesia se transformou logo num projeto entre as duas entidades. É que, tanto Vander, quanto Clayton, comungam de uma visão empresarial à frente das entidades que comandam. “Embora não visemos lucro, podemos e devemos implementar medidas administrativas modernas, que norteiam as empresas, no sentido de baixar custos e aumentar a eficiência no atendimento”, esclareceu Vander.
Durante a conversa, ambos listaram diversas atitudes tomadas desde o início de suas administrações, que começaram praticamente na mesma época. Desde então, tanto a APAE ANÁPOLIS quanto a Santa Casa vêm experimentando quedas progressivas em seus déficits orçamentários e visíveis melhorias nos serviços ofertados. “Administrar uma instituição filantrópicas não é tão diferente de gerir uma empresa. Temos obrigatoriamente que gastar menos do que arrecadamos e ter caixa para investir em novos projetos. Caso contrário, não há como seguir em frente”, acrescentou Bergamo.
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A medida em que o diálogo avançava, os dois perceberam que tinham muito a aprender e colaborar um com o outro. Um exemplo é na aquisição de insumos. Comprando juntos, podem baixar o preço dos produtos, escolhendo fornecedores mais baratos, confiáveis e ganhando em escala. “A troca de informações baseada na experiência de cada um traz rapidez e assertividade nas decisões. Algo vital para qualquer organização, seja ela com fins lucrativos ou não”, acrescentou Vander. Segundo o presidente da APAE ANÁPOLIS, os dois vão formar uma equipe com pessoal misto, para identificar problemas e compartilhar soluções. “Temos a mesma visão empresarial de administrar e é isso que vai garantir a nossa continuidade no setor filantrópico”, declarou ele.
Entre os avanços das atuais gestões está a abertura para atendimentos particulares e conveniados. Ambas as instituições atendiam quase que exclusivamente pacientes do SUS. Entretanto, a tabela de preços paga pelo Governo Federal sempre foi extremamente defasada, o que gera saldos negativos mensalmente, mesmo com as doações que recebem de empresas, pessoas físicas ou de emendas parlamentares. Depois de algumas reformas administrativas, tanto a Santa Casa, quanto a APAE ANÁPOLIS, abriram as portas para serviços pagos. “Esse dinheiro atualmente ajuda e muito a reduzir a diferença entre receita e despesa”, afirma Clayton.
Gestão e transparência
Vander também cita a economia gerada com a criação de um plano de cargos e salários. “Reorganizamos a relação entre a APAE e seus colaboradores, assim como suas funções dentro da instituição, o que simplificou o processo, tornando-o mais ágil e barato. E todos os dias trabalhamos para ajustar detalhes que nos permitam atender mais e melhor com a economia que geramos. Tanto é que acabamos de receber pela 5ª vez o reconhecimento como uma das melhores ongs do país”, pontuou.
Além de uma gestão baseada nos mais modernos conceitos de administração, uma instituição filantrópica precisa também de transparência e intensa articulação política. Itens que podem ser bastante aprimorados se as duas entidades atuarem em conjunto. “Dependemos muito de doações, que são feitas diretamente por pessoas físicas e jurídicas e estimulamos ambas, através de campanhas, a destinarem parte do valor de seus Impostos de Renda à fundos municipais, que são revertidos para entidades como as nossas”, ressaltou Bergamo. Já o presidente da APAE ANÁPOLIS citou as emendas parlamentares como uma das mais importantes ações de fomento à atividade filantrópica. “Buscamos o apoio de nossos deputados estaduais e federais, mostrando a importância do nosso trabalho com extrema transparência. Assim, com credibilidade, eles se sentem seguros na hora de destinar suas emendas. Agora, agiremos juntos, APAE e Santa Casa, e esperamos nos tornar exemplo para que outras instituições filantrópicas façam o mesmo.