As olimpíadas de Tóquio foram um belo exemplo de gerações de brasileiros e brasileiras que não desistem nunca. O Brasil de verdade, que vai muito além de política e futebol, é esse de Ítalo, Rebeca, Isaquias, Martine Grael e Kahena Kunze, Ana Marcela, Hebert, Rayssa e tantos e tantas atletas incríveis, que dedicam vidas inteiras a mostrar que a construção de longo prazo é uma luta diária.
Podemos até deixar nosso coração se enaltecer de alegria em ver o Brasil ganhando medalhas e sendo bem representado lá fora, podemos também dizer que o ouro é nosso. Mas a verdade, é que o ouro é dos atletas. Muitos deles passaram anos, e até nos dias atuais, não tem condições de sequer ter o melhor equipamento para treino, ter um tênis de qualidade e uma família alimentada debaixo de um teto digno.
Muitos vieram da favela, da pobreza, das grandes limitações da vida vulnerável no Brasil. E mesmo sem ter o país pensando, investindo e interessado nisso, esses sonhadores não desistiram. Depois de longos anos de treino e dificuldade ainda quiseram representar as cores verde e amarelo. Mesmo com o país não investindo em centros de treinos e patrocínios grandiosos, esses atletas tiveram que ter humildade pra dizer que o ouro não é só dele, é de todos, tem que ter sangue frio pra voltar pra casa e continuar a luta.
Entramos nas olimpíadas de quatro em quatro anos, através das lentes dos fotógrafos e das telas de TV. Acontecimentos que mexem emocionalmente com milhões de famílias pelo mundo. O Brasil se desenterra no braço e no grito de toda essa gente fantástica que não abaixa a cabeça pra covardia que tenta silenciar as raízes do País. Não é o patriotismo de conveniência, mas o que vem da alma. É esse verde e amarelo que precisa retomar as rédeas nacionais.
Leia mais: McDonde?
Não a gola cara dos importados nas estátuas e avenidas, mas o suor real de quem trabalha de verdade sem descanso pra erguer os dias. Não a preguiça e a bravata de quem esbraveja sem qualquer projeto de país, mas sim a determinação de quem projeta a essência do Brasil pelo mundo. Seja no cinema, nas artes, nos esportes ou onde for, pessoas que cultuam com respeito e dignidade a nossa história, e elevam com coragem e persistência a identidade brasileira, em toda sua beleza, força e diversidade.
São elas que representam a nação e todo o paradoxo que se impõe em tempos tão difíceis. Ao mesmo tempo em que precisamos do silêncio em respeito ao luto nacional, precisamos do grito dos brasileiros. Esse grito silencioso, que vem preso no peito de tanta gente, vai redesenhar o nosso destino como nação. O Brasil está vivíssimo, no silêncio e no grito. Nos pódios ou nas plateias.
Agora cabe a nós devolver um pouco da alegria que esses atletas nos proporcionaram nas olimpíadas. Fazer valer os talentos do nosso país. Falar mais de esporte, educação e futuro. O Brasil precisa parar de falar só em política e campanhas. O Brasil precisa parar de falar só de assuntos negativos e observar mais os talentos que temos nas quadras de terra batida dos bairros esquecidos. O Brasil precisa de programas que destaquem crianças da rede publica e que serão, com bons olhos de todos, os próximos a trazer ouro e prestígio para nosso país.
Excelente jornal digital….parabéns wander pelo belo trabalho jornalístico.