Vaidades que matam
Pode-se afirmar, com toda a certeza do mundo, que o Brasil é um dos países onde a vaidade, principalmente dos políticos, supera os limites do tolerável, ultrapassa a barreira do imponderável e chega às raias do inaceitável. Os arroubos de nossas autoridades são tão escancarados e escandalosos, que chegam a causar arrepios. Em todos os níveis. Desde o simples vereador de uma pequena comunidade, aos ocupantes dos principais cargos da Nação, incluindo-se, presidentes e governadores. É um festival de exibicionismo que não tem limites.
Agora mesmo, presenciamos o desfile das mais absurdas demonstrações de egocentrismo, diante de um fato que deveria ser a preocupação geral. A discussão em torno do coronavírus, de há muito, deixou de ser um fato meramente médico/científico, para se tornar bandeira política de grupos, grupelhos e, até, os de carreira solo, que se acham donos da verdade absoluta e, disso, não abrem mão. Todo mundo (todo mundo mesmo) se acha no direito de opinar, de arrastar para si, os méritos de possíveis avanços no combate, no tratamento e na cura da moléstia. E, de debitarem aos adversários, todos os fracassos dele advindos. Prevalecem sua vontade, seu desejo e sua opinião.
Uns entendem que é melhor fazer-se o isolamento vertical, outros querem o horizontal e, outros tantos, optam pelo diagonal. As razões apresentadas são muitas. Diferentemente do que ocorre em outros povos, outros países, onde a questão é tratada, prioritariamente, no campo científico. Não se tem notícia de algum país onde sob o manto do coronavírus, o presidente da república brigou com prefeito e com govenador. E, vice-versa. Não se tem informação de que, em algum país, o ministro da saúde tenha sido demitido em meio ao combate mais ferrenho à bactéria.
Em nenhum outro país houve a medição de força entre os níveis de poder, sobre o que abre; o que fecha; o que não abre o que não fecha na economia. Em, praticamente, todos eles, há a sintonia, há uma linguagem comum. No Brasil, não. Já tem gente se lançando candidato para 2022, sob a alegação de que, hoje, o vírus atrapalhou seu projeto de governar. Já há ex-ministros (no plural, mesmo) picados pela mosca azul do poder com os olhos numa candidatura a presidente. Da mesma forma, governadores e outras lideranças, principalmente, do Congresso Nacional, praticamente torcendo pelo caos para, assim, se lançarem candidatos “salvadores da pátria” e, por conta disso, conquistarem a preferência do eleitor. E, as pessoas continuam morrendo. A que ponto nós chegamos…
Passagem de nível
O início das operações da Ferrovia Norte Sul (muita gente não acredita que isto ocorra em curto, ou, médio prazos) vai exigir que se crie uma passagem de nível para separar-se o tráfego ferroviário do trânsito na GO 330, que corta o DAIA pelo meio e demanda a várias cidades da Região da Estrada de Ferro. A discussão é saber-se a quem será atribuída tal responsabilidade: se à empresa Rumo, detentora da concessão ou do Governo do Estado (Goinfra) responsável pela rodovia. Pauta para os próximos meses. Do jeito que está é que não pode ficar. Já foram registrados vários acidentes envolvendo composições ferroviárias e veículos automotores naquele trecho.
Mulher X caminhão
Lázara Gonçalves, ou “Lazinha do Fenemê”, se não foi a primeira, foi uma das primeiras mulheres a dirigir um caminhão de alta tonelagem em Anápolis. Moradora da Rua Firmo de Velasco, ela viajava em companha do marido Eduardo, mais conhecido por Edu, transportando todo tipo de cargas, principalmente material de construção, de São Paulo para Anápolis e de Anápolis para o Vale do São Patrício e Norte de Goiás. Isto, nos anos 60. O caminhão do casal, um Alfa Romeo (FNM, popularmente chamado de Fenemê), de cor verde era, também, um dos maiores veículos de transporte de cargas da Cidade.
O que chamava a atenção na “Lazinha do Fenemê” era sua estatura: pouco mais de um metro e meio. Era gordinha e muito falante. Dominava, com maestria, o pesado veículo e, segundo o testemunho de seu próprio esposo, passava mais tempo do que ele ao volante do caminhão. Os três filhos do casal não atrapalhavam a atividade profissional de Lázara que, por onde passava, despertava a curiosidade de uma sociedade, ainda, por demais, machista. Muita gente não concordava com seu trabalho. Mas, ela nem ligava. Frequentava oficinas mecânicas, postos de combustíveis, empresas transportadoras e, na maioria das vezes, era ela quem contratava as cargas, pagava as contas e resolvia os problemas.
A vida de caminhoneira da “Lazinha do fenemê” durou de oito a dez anos. Aos poucos ela foi se cansando de tantas viagens, dos perigos nas estradas, do desconforto e viu a necessidade de ficar mais próxima dos filhos, agora, adolescentes. Sua última viagem foi da cidade de Bebedouro, São Paulo, para Araguaína, que ainda era no Estado Goiás (hoje é Tocantins). Seu marido Eduardo continuou no batente por muitos anos, até se aposentar. O casal já faleceu, mas, seus filhos e netos estão espalhados por diversos pontos de Anápolis e, até, de outras cidades de Goiás e do Brasil.
Auxílio controverso
Por todo lado ouvem-se informações sobre a esperteza de pessoas que conseguiram burlar o complexo esquema de segurança do Governo Federal e, mesmo sem merecer, acabou conseguindo o chamado auxílio emergencial. De acordo com denúncias, há casos em que em um mesmo domicílio, várias pessoas teriam conseguido o benefício e que gente, comprovadamente, de boa situação financeira, também, levou para casa o generoso mimo governamental.
Certamente que isto não tira o brilho da iniciativa o Governo em ajudar aos pobres e necessitados. Só que, diante do que foi exposto, com pessoas imerecidamente sendo contempladas, fica a dúvida sobre a legitimidade do projeto. Todavia, pelo menos, foi falado, há como descobrirem-se as falcatruas e, se for o caso, punirem-se os autores desta apropriação indevida do dinheiro público.
Direto ao ponto
Aos poucos, ganha mais força a tese de prorrogação dos mandatos dos atuais detentores de cargos municipais (vereador e prefeito), devido à estagnação sociopolítica e econômica do Brasil por causa do efeito coronavírus. Embora o Tribunal Superior Eleitoral refute tal possibilidade, muita gente torce para que isto ocorra. É esperar…
A pergunta que muitos andam fazendo é: quando passar o fenômeno covid-19, o que será feito de tanto material e tanto equipamento que os governos municipais, estaduais e da União adquiriram para o combate à doença? Em particular, que destino será dado às unidades de terapia intensiva tão reclamadas, há décadas, pelos usuários do SUS?
É estranha a demora na instalação dos equipamentos de fiscalização eletrônica na região urbana de Anápolis, tendo em vista o anúncio de que a licitação para o serviço havia terminado. Pelo jeito, ainda, não foi. Outra demanda é a redefinição da área azul para estacionamento na região central. O assunto está parado há, pelo menos, cinco anos.
Indefinições
Um dos segmentos econômicos mais preocupados com o que ocorrerá depois do fenômeno coronavírus é o imobiliário. Tanto para construção, quanto para compra e venda. Há quem diga que haverá sobra de estoque em oferta. Há quem diga que muita gente vai se aproveitar para investir o que, ainda, resta em terrenos e casas. De fato, uma decisão difícil de ser tomada.