Há outros eixos, como o do Rio de Janeiro a Campos dos Goytacazes, estimulado pelo avanço da exploração do petróleo, e os que cortam áreas industriais tradicionais, como o trecho catarinense de Joinville a Florianópolis e o território gaúcho de Porto Alegre a Caxias do Sul.
Para especialistas, eixos de desenvolvimento são áreas formadas por cidades cujas economias progridem, se reforçam mutuamente e fazem as regiões crescerem mais rapidamente do que se cada uma delas tivesse de se virar sozinha.
E, na última década, a bola da vez tem sido o Eixo Goiânia-Anápolis-Brasília. Ele acopla, ainda, cidades como Abadiânia; Alexânia; Aparecida de Goiânia; Goianápolis; Santo Antônio do Descoberto, Águas Lindas de Goiás e Teresópolis de Goiás.
Desde 2009, mais de 45 mil empresas foram abertas nas oito cidades do citado corredor. Até 2025, estima-se que elas totalizarão 70 mil, segundo estimativas da Urban Systems.
O trecho da BR-060 entre Brasília e Goiânia é tido como o espelho do desenvolvimento de uma região que cresce a taxas chinesas, avança pelo Planalto Central e se consolida como o maior mercado do país fora do eixo Rio-São Paulo.
Produtividade
As riquezas produzidas no caminho que divide dois centros consumidores em franca expansão já respondem por um Produto Interno Bruto estimado em 300 bilhões de reais, em valores atualizados. É como se cada quilômetro da rodovia movimentasse mais de um bilhão.
O montante representa em torno de 6% do PIB do Brasil e quase 70% do PIB da região Centro-Oeste. Cerca de 11 milhões de pessoas vivem, hoje, ao longo dos 210 quilômetros do eixo Brasília-Anápolis-Goiânia-Aparecida de Goiânia.
A soma supera o número de habitantes das regiões metropolitanas de Porto Alegre e Recife e faz do corredor a terceira maior aglomeração do Brasil. Esta população deve alcançar, em 2030, o total de 20 milhões de pessoas.
A malha urbana entre as capitais Federal e de Goiás se entrelace em uma velocidade assustadora nos próximos anos.
Presença de Anápolis
O estudo aponta que a 53 quilômetros da capital Goiânia e, a 130 de Brasília, Anápolis conquistou independência e vive sua melhor fase econômica. O PIB local saiu de R$ 2,15 bilhões, em 2002, para cerca de R$ 20 bilhões, no ano passado. A
s milhares de toneladas de cargas que passam pelo Porto Seco Centro-Oeste todo mês, ajudam a explicar o salto extraordinário. O Distrito Agro Industrial, principal polo do gênero no Centro Oeste, reúne cerca de 200 projetos industriais, o que inclui multinacionais dos segmentos automobilístico e farmacêutico.
Todas estão em processo de expansão.
De olho no potencial consumidor provocado por um fluxo de 80 mil carros por dia, postos de combustíveis ampliam a área comercial e pequenas residências se transformam em restaurantes e empórios.
Às suas margens, moradores vendem de panela de alumínio a móveis rústicos, passando por frutas típicas da região. Redes nacionais e até internacionais de hotéis despertaram interesse em se instalar no eixo.
Focado principalmente no Lago Corumbá IV, o mercado da pesca e do turismo rural ferve ao redor da BR-060. Propriedades rurais também se destacam e se valorizam no mercado imobiliário. No roteiro podem ser encontradas duas grandes fábricas de bebidas, um outlet de excelente nível, hotéis fazenda e outro atrativos.
Conurbação
A conurbação entre as duas capitais é encarada como processo natural e inevitável. Não há como ser diferente. Necessariamente, é importante se pensar na expansão econômica nesse trecho. Caso contrário, as pessoas continuariam indo para Brasília com a ilusão de encontrarem o que procuravam.
O desenvolvimento ao longo da BR-060 amenizou o inchaço do Entorno da Capital Federal, com a criação de emprego e renda. Os governos do Distrito Federal e de Goiás vislumbram, há décadas, as possibilidades na região.
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A falta de políticas públicas integradas, no entanto, impedia um desenvolvimento mais eficaz. Existe uma cidade com a maior renda per capita do país (Brasília), uma com qualidade de vida de alto nível (Goiânia) e o maior distrito industrial do Centro-Oeste no meio do caminho (Anápolis). Não há o que discutir: é, sim um eixo de sucesso.
Projeções
No tocante a Anápolis, as perspectivas são mais alvissareiras, tendo em vista o encaminhamento de vários megaprojetos da inciativa privada e, até, do Poder Oficial. O Distrito Agro Industrial está em processo de duplicação de área e do número de fábricas.
A Cidade tem o maior e mais moderno Centro de Convenções do Centro Oeste, é sede de duas universidades (UniEVANGÉLICA e Universidade Estadual de Goiás). Um distrito industrial municipal voltado à tecnologia de ponta se acha em processo de implantação; o Aeroporto Internacional de Cargas deve entrar em operacionalidade em curto espaço de tempo.
A Ferrovia Norte Sul, privatizada pela empresa RUMO começa a circular oficialmente em poucos dias, e a Ferrovia Centro Atlântica já opera com normalidade. Os governos Municipal e Estadual desenvolvem grandes projetos nas áreas de urbanização e saneamento básico.
Tudo isso soma-se a uma grande rede comercial atacadista e varejista que interage com cerca de 20 a 25 cidades da região de influência, o que faz girar uma grande fatia do capital circulante no centro do Brasil.