Agressões físicas e psicológicas no ambiente escolar trazem cicatrizes eternas para vítimas, agressores e suas famílias
O mundo todo se comoveu ao ver o vídeo do australiano Quaden Bayles, 9 anos, chorando e pedindo para a mãe uma corda – com a intenção de tirar a própria vida – por não aguentar mais o bullying que sofria na escola. O desespero da criança foi tanto que pessoas de diversos países se mobilizaram para levar mensagens de apoio ao garoto por meio das hashtag #WeStandWithQuaden (Nós Estamos Com Quaden) e #StopBullying (Chega de Bullying).
O caso levantou a discussão acerca do assunto, mas precisamos ter em mente que o tema precisa ser tratado muito além dos muros das escolas. O bullying é um problema mundial no qual crianças e adolescentes sofrem agressões físicas ou psicológicas de seus colegas. Por conta disso, infelizmente, o lugar que era para ser um espaço de aprendizagem e convívio harmônico, acaba se tornando um ambiente hostil e traumático para muitos.
E os números comprovam essa realidade. De acordo com o Governo Federal, aproximadamente um em cada dez estudantes é vítima frequente de bullying nas escolas. E a estatística vai mais além. A pesquisa do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), apontou ainda que 17,5% dos entrevistados sofrem algum tipo de violência na escola “mais de uma vez por mês”; 7,8% afirmam que são excluídos pelos colegas; 9,3% são alvos de piadas; 4,1% são ameaçados; 3,2% são empurrados e agredidos fisicamente. Outros 5,3% afirmam que é comum seus colegas pegarem e destruim seus pertences, e 7,9% são alvos de boatos maldosos.
Há quem diga que são apenas “brincadeiras”, mas essas situações podem levar a consequências mais graves. Em 2017, por exemplo, a adolescente Marta Avelhaneda Gonçalves, 14 anos, morreu após ser estrangulada por uma colega dentro da escola que estudavam no Rio Grande do Sul. Segundo testemunhas, a causa da briga foi a troca de ofensas entre as duas.
O assunto é bastante complexo e não pode ser deixado de lado nas unidades de ensino e muito menos em casa. Cabe à escola e à família discutir esse assunto para que a vítima se sinta segura para falar a respeito, e para que o agressor entenda as consequências dos seus atos.
Por isso, é importante que os responsáveis e educadores estejam atentos para identificar esses possíveis agressores, e assim promover um diálogo aberto. Nós, adultos, precisamos entender que temos sim responsabilidade dentro desse processo e devemos mediar assim que identificamos qualquer tipo de agressão.
O bullying traz inúmeras consequências físicas e psicológicas que afetam não só a vítima, mas também o agressor e a família de ambos. Nessa “brincadeira”, todos saem perdendo. No caso do menino australiano Quaden, podemos dizer que a história caminhou para um lado positivo. Mas, como será que foi o diálogo com os seus agressores? Será que realmente houve um diálogo? Não sabemos como esse caso está se desenrolando, mas espero que os responsáveis por esses jovens não se calem. Somente por meio da conscientização vamos evitar que casos tristes como do Quaden e da Marta se repitam.