A Câmara Municipal aprovou no início da tarde desta segunda-feira, 15/03, por votação em bloco, requerimento de autoria do vereador João da Luz (DEM), propondo a implantação, no Município, de “tratamento precoce” para a Covid-19, com a compra e a distribuição gratuita de kits de medicamentos.
O requerimento, entretanto, não cita quais seriam as drogas que comporiam o kit. Mas, durante os debates, citou-se a Ivermectina, um medicamento usado para tratar de vários tipos de infestações por parasitas. O laboratório que produz o referido medicamento, inclusive, já informou que não há evidência de sua eficácia para a Covid-19.
O autor disse que “se o mundo todo está se movimentando nesse sentido, não tem porque Anápolis não estar”.
Conforme destacou João da Luz, mesmo não havendo evidência científica, há diversos relatos dando conta de que o uso das drogas profiláticas tem resultados positivos, evitando-se a internação de pacientes.
O vereador Reamilton Espíndola (republicanos) afirmou que ele e a sua família tomam a Ivermectina. Ele comparou que não há evidências científicas, mas muita gente toma chá de boldo e resolve o problema. Ainda, pessoas que quebram um osso a aplicam Erva de Santa Maria na tala e se curam.
“Se eu não tivesse usado, não estaria aqui para fazer essa apologia”, enfatizou o parlamentar que, ainda, disse que algumas pessoas “falam que não”, mas na hora que precisam de um tratamento não recusam a cesta de Bolsonaro. “Não sejamos falso moralistas”, frisou.
O vereador Jakson Charles (PSB), líder do prefeito Roberto Naves na Casa, disse que talvez, até, tivesse coragem de tomar a medicação, “mas jamais indicar, porque não sabemos o que pode implicar para a vida das pessoas”.
O vereador Wederson Lopes (PSC), falou que ele e a família fazem uso da Ivermectina. Ele, sua mãe e a esposa foram contaminados com o vírus, “mas nenhum de nós precisou internar”. Mas, não disse ter certeza de que poderia ser por causa do uso do remédio. “Não quero agir de forma irresponsável, não sou médico, sou engenheiro”.
A vereadora Trícia Barreto (MDB), que é médica, destacou que os profissionais, como ela, só prescrevem tratamentos que tenham o aval dos órgãos responsáveis e, no caso do kit, pontuou que não há aprovação para uso individual ou coletivo.
“Acho pouco provável a Prefeitura aceitar e oficializar esse tipo de tratamento”, observou, acrescentando que a hora agora seria de se fazer uma testagem em massa da população e intensificar ações para a vacinação. “Não podemos oficializar o empirismo”, ressaltou a parlamentar.
O requerimento não tem força de lei. Dessa forma, o prefeito pode ou não acatar a proposta feita pelo vereador João da Luz e aprovada pelo plenário.