Iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria vai se aprofundar no final do mês com diversos eventos
Pelo oitavo ano consecutivo, a Associação Brasileira de Psiquiatria promove, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, a campanha Setembro Amarelo, cujo tema este ano é “Agir salva vidas”. A ação foi iniciada no Brasil em 2014 e visa a reduzir os índices de suicídio. A iniciativa se estende por todo o mês de setembro, tendo como data principal o dia 10 deste mês, quando se comemora o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
O tema foi escolhido porque trata de forma direta a questão mais importante da campanha, que é agir pode salvar vidas. Um relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde em 2019, revelou que, naquele ano, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio, o que representa uma a cada 100 mortes. No Brasil são, aproximadamente, 13 mil pessoas por ano. No geral, no mundo, o número de mortes por suicídio, caiu. Mas, nas Américas, a taxa subiu 17%. Por isso, campanhas como o Setembro Amarelo são tão importantes. De acordo com a ABP, a maioria dos suicídios está relacionada a distúrbios mentais.
Prevenção
O Presidente da Associação, Antônio Geraldo da Silva, afirmou que é possível prevenir o suicídio. Existem muitos sinais que alertam para a possibilidade de tentativa de suicídio por parte de uma pessoa como, por exemplo, ficar mais recluso, falar muito sobre sumir, não ter mais esperança, ou, mudar o comportamento repentinamente. O médico destacou que se deve levar em conta que a doença mental é como o diabetes, ou, a hipertensão. Ela tem tratamento, tem controle, e a pessoa pode voltar a ter qualidade de vida. Esses são os caminhos para evitar o suicídio, afirmou.
Clínica de reabilitação é interditada suspeita de violência com pacientes
Ainda não há dados que mostrem se a pandemia de covid-19 aumentou o número de suicídios. Entretanto, desde março de 2020 vem-se alertando as autoridades sobre a quarta onda da covid, que é a das doenças mentais. A esse respeito, a ABP trabalha com três cenários, que incluem o desenvolvimento de doença mental em quem nunca apresentou sintoma, retorno dos pacientes aos atendimentos psiquiátricos após recidiva de sintomas que já estavam em remissão e agravamento dos quadros psiquiátricos de quem ainda estava em tratamento.
Estima-se que um quarto dos suicídios acontece em usuários de substâncias químicas. De cada 100 pessoas, 17 já pensaram em suicídio, três tentaram e uma acaba numa emergência hospitalar. É um fato que deve ser levado em consideração: que as substâncias químicas (álcool inclusive), maconha, cocaína, ecstasy, LSD, anabolizantes e cafeínicos (bebidas com alto teor de cafeína) estão relacionados entre as drogas que causam maior possibilidade de uma pessoa se suicidar. Cerca de um terço dos suicídios no Brasil ocorre em pessoas que sofrem de depressão e um quarto das pessoas que tenta o suicídio usou drogas.
Lesões
Não só o suicídio, mas os casos de lesões autoprovocadas têm sido uma preocupação constante na Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. O órgão acompanha, com atenção, os dados do Ministério da Saúde sobre essas questões desde 2010, por meio do Sistema de informação de Agravos de Notificação. A secretaria tem apoiado a campanha Acolha a Vida e a Semana de Valorização da Vida, prevista para a última semana do Setembro Amarelo.
Dados da Organização Mundial da Saúde estimam que a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo. No que se refere às tentativas, uma pessoa atenta contra a própria vida a cada três segundos. Calcula-se que em torno de um milhão de casos de mortes por suicídio são registrados por ano em todo o mundo. No Brasil, esse número passa de 13 mil por ano, podendo ser bem maior em decorrência das subnotificações.
(Com informações da Agência Brasil)