Sofrimento é inevitável e ao passarmos por ele, nunca mais seremos os mesmos: ou nos tornaremos mais fracos ou mais fortes.
Na história humana há duas maneiras de responder ao sofrimento. A forma antiga e a moderna. Na forma antiga, os estóicos afirmavam que não deveríamos demonstrar emoção alguma. Teríamos de ser fortes, não deixando a dor entrar em nosso coração.
É… isso seria possível se não amássemos as coisas, as pessoas! Um filósofo chegou a afirmar que todas as vezes que déssemos um beijo em nosso filho deveríamos pensar: “Amanhã ele pode estar morto!” Assim o coração não se conectaria a nada e seria controlado.
Com uma abordagem diferente, a sociedade moderna diz que o significado da vida tem a ver com o momento presente: carreira de sucesso, boa saúde, ganhar dinheiro, ter um romance, amar, conquistar algo… mas o sofrimento se opõe a tudo isso, tirando de nós a saúde, o dinheiro e as pessoas. Então, quando alguém adoece e as dores chegam, as pessoas se aborrecem, ficam iradas.
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As pessoas antigas tinham a expectativa de que o sofrimento chegaria, inexoravelmente, o que, segundo elas, ajudaria na construção do caráter. Já as pessoas modernas zangam-se, pois não veem razão, propósito, ‘aproveitamento’ na dor.
Como o cristianismo encara tudo isso? Jesus não adota nenhuma dessas posições. Quando ele se encontra com a mulher hemorrágica ele não diz: “Tenha modos! Pare de chorar! Levante a cabeça!”. Muito pelo contrário. Ele se aproxima e deixa que ela derrame o coração. Ele fala com doçura, a trata como filha e permite que ela fale de sua dor sem censurá-la. Ele não subtrai as emoções e vemos sua compaixão em vários textos. Jesus sofria com a dor dos outros, compreendia as pessoas que sofriam e não lhes pedia que desconectassem seus corações. Jesus rejeita o modo antigo.
Por outro lado, Ele questiona também o modo como a sociedade moderna lida com a dor. Muitos afirmam que não podem crer em um Deus que permite perdas e não veem razão para o sofrimento. Ora, Jesus não se revoltou contra Deus por causa do sofrimento. Ele lida com pessoas que sofrem, mas não questiona a graça de Deus. Sempre há um plano.
O próprio Jesus que curou os enfermos, libertou endemonhiados e deu vista aos cegos foi para a cruz onde morreria com apenas 33 anos. Pode ser que, ao considerarmos sua morte pensemos: “Não consigo ver nada de bom nisso! Por que um homem tão gracioso foi assassinado de forma tão grotesca? Não faz sentido.” Ao vermos Jesus na cruz podemos até perder a fé em Deus, afinal, seu Pai celestial o rejeitou.
Entretanto, a morte de Jesus foi o maior feito de Deus na história. Algo que a razão humana não consiga entender. É certo que não sabemos a razão do sofrimento específico que enfrentamos, mas devemos lembrar que, se a dor chega não é porque Deus não nos ama. Podemos achar que o significado da vida é destruído pelo sofrimento, mas, na perspectiva cristã, o sofrimento tem o potencial de nos atrair e nos aproximar de Deus. O sofrimento tem tudo para nos levar para os braços daquele que morreu por nós.