O Portal de Dados Abertos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelou um aumento expressivo de 21% nas candidaturas femininas ao cargo de vice-prefeita, comparando as eleições de 2016 com as de 2020. Esse crescimento supera em mais que o dobro a participação feminina conjunta nas disputas para prefeituras e câmaras municipais, que registraram aumentos de 4 e 6 pontos percentuais, respectivamente.
Em 2020, 3.985 mulheres concorreram ao cargo de vice-prefeita, representando 21,2% do total de candidaturas femininas naquele ano. Em 2016, esse número foi de 2.867 mulheres, correspondendo a 17,5% do total de candidaturas femininas. Além disso, o número de eleitas para o cargo de vice-prefeita aumentou 11%, passando de 834 em 2016 para 927 em 2020.
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Configuração das Chapas
Chapas formadas exclusivamente por mulheres representaram pouco mais de 2% do total de chapas registradas. Aquelas em que mulheres disputaram a prefeitura com um homem como vice compuseram 11%, enquanto as lideradas por homens, com mulheres como vice, somaram 18%. No entanto, 67% das chapas foram compostas apenas por homens. As chapas lideradas por homens com mulheres como vice obtiveram mais vitórias, correspondendo a 15% das candidaturas eleitas, enquanto as chapas exclusivamente masculinas representaram 73% das vitórias.
A pós-doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, Teresa Sacchete, sugere que o aumento de candidaturas femininas a vice-prefeituras pode estar relacionado às dinâmicas políticas em cidades menores, onde as campanhas podem ser mais acessíveis, aumentando as chances de vitória feminina. Sacchete destaca que, muitas vezes, a indicação de mulheres para a posição de vice pode ser uma estratégia partidária para utilizar fundos de financiamento atrelados a políticas de ação afirmativa.
Desafios Persistem
Apesar do avanço na participação feminina nas eleições brasileiras desde 2020, ainda persistem desafios. Entre 2016 e 2020, houve um aumento de 18% no número de candidatas, enquanto entre 2018 e 2022 (eleições gerais federais e estaduais) o aumento foi de 7,5%. O número total de mulheres eleitas cresceu 17,5% entre 2016 e 2020, e 8,36% entre 2018 e 2020. Embora a cota de gênero seja uma ferramenta importante, o TSE tem enfrentado casos de candidaturas femininas fictícias.
Para promover o protagonismo feminino na política, a Comissão Gestora de Política de Gênero do TSE lançou o projeto #ParticipaMulher. A campanha, permanente da Justiça Eleitoral, busca inspirar mulheres a ocuparem cargos políticos e destaca a importância do aumento de lideranças femininas para toda a sociedade. A Comissão TSE Mulheres, criada em 2019, trabalha no planejamento e acompanhamento de ações para incentivar a participação feminina na política e na Justiça Eleitoral.
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