O comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar de Anápolis, tenente coronel Sidney Pontes Ribeiro, revelou ao CONTEXTO que, nos últimos três meses, houve um decréscimo da ordem de 20% no índice de criminalidade, em Anápolis. Segundo ele, esse resultado pode ser creditado em grande parte à Operação Motociclista, deflagrada com o intuito de coibir a onda de roubo que vinham sendo praticados na cidade por duplas de motociclistas, quase sempre no período das 15 às 20 horas.
De acordo com o comandante do 4º BPM, depois que alguns meliantes foram identificados e tirados de circulação, houve redução em diversos tipos de ocorrências criminais atendidos pela PM. Um detalhe que chamou atenção no trabalho realizado é que a maior parte dos elementos que caíram nas garras da polícia era de Anápolis e não oriundos de outras localidades, como Goiânia e Brasília, como era comum se registrar. E quase a totalidade dos elementos tinha algum tipo de ligação com o consumo e/ou tráfico de drogas.
O comandante do 4º BPM explicou que os assaltantes tinham como alvo pertences das pessoas como celulares, notebooks e pequenas somas em dinheiro que as mesmas costumam carregar na carteira. Os produtos do roubo eram depois vendidos depois por quantias muito inferiores ao seu custo, apenas para custear a compra de droga, principalmente o crack.
Na operação, narrou o tenente coronel Sidney Pontes, os policiais passaram a observar alguns detalhes nos condutores de motos: se as placas não estavam amassadas, se o condutor estava com vestimentas e capacetes escuros e com viseiras para tentar impedir de serem vistos. Além disso, foram também monitorados os “veículos de aluguel”. Em função dos horários que estavam se dando os delitos, o comando também alterou as escalas dos grupos especiais como o GOE e o GIRO. Em função disso, houve críticas também à PM pelas abordagens. Mas, o comandante do 4º BPM afirmou que esse tipo de trabalho será contínuo. “É um benefício para toda sociedade”, frisou, acrescentando que o resultado foi significativo, inclusive, devido ao bom preparo da tropa. “Hoje o nosso policial tem um nível muito melhor do que tinha antigamente para fazer as abordagens, para tratar com respeito os cidadãos e cumprir com a sua tarefa de tirar os maus elementos de circulação”, enfatizou o comandante.
“Hoje vivemos um período muito bom na segurança pública em Anápolis”, ressaltou o comandante do 4º BPM, acrescentando que a PM e a Polícia Civil tem procurado trabalhar em cooperação. O que também contribui para os resultados alcançados. Na sua avaliação, a redução de 20% da criminalidade é um dado positivo, levando em conta de que a cidade cresceu muito demograficamente, teve também forte expansão do comércio. Portanto, ainda que fosse uma redução pequena, já seria um ganho nos últimos anos, levando-se em conta o crescimento acelerado do município.
Ainda de acordo com o comandante, outro fator importante, é a união com outros segmentos organizados da sociedade e, especialmente, o Judiciário, para atuar no desenvolvimento de ações educativas e sociais. “Hoje, temos visto que grande parte dos jovens é atraída ao submundo do crime e das drogas por conta da desagregação familiar. E isso é uma preocupação nossa, também, porque queremos que as crianças e os jovens sejam educados, para que elas não sejam os bandidos que vamos perseguir lá na frente”, ponderou.
Cristal: uma droga poderosa
O comandante do 4º BPM relatou que nas ocorrências atendidas pela PM, há registros de crianças a partir de nove anos, até pessoas idosas, com cerca de 70 anos, fazendo uso do crack. Um problema que, aliás, tem dificultado a ação policial, é que por ser uma droga barata -uma pedra custa o máximo R$ 10 – ela se dissemina com facilidade e o usuário passa também a vender. Ou seja, passou a ser também um traficante. Não há mais um núcleo forte, mas vários deles espalhados em diversos pontos da cidade. “Mas temos trabalhado também para coibir a droga e, para isso, é muito importante o trabalho de investigação da Polícia Civil”, disse.
A já possui também informações de que uma droga sintética – mais barata e potente do que o crack, chamada de Cristal – estaria começando a circular na cidade. Para o tenente coronel Sidney é outro dado que deixa a polícia em alerta. Mas, ele enfatiza que o principal, é trabalhar a base para que os jovens não sejam atraídos para a rede do mal e fiquem do lado da rede do bem que, conforme observou, tem crescido e tem feito um bom trabalho. “A segurança pública não é só um problema da polícia, é de toda sociedade. Nós vamos continuar fazendo o nosso papel. Temos uma boa tropa, os resultados mostram isso. E temos parceiros para trabalharmos juntos”, arrematou.