Obras de restauração e ampliação da rede de captação vão permitir estabilidade
na vazão durante o período de seca, garantindo abastecimento
Começa o período de estiagem e junto o drama de quem vive ou trabalha na região Sul de Anápolis. Além das empresas instaladas no DAIA, outros 43 bairros dependem do sistema de captação, tratamento e distribuição de água do córrego Caldas.
O desabastecimento tem sido um parceiro inseparável há mais de uma década, gerando prejuízos e insatisfação. “Mas não este ano”, diz o administrador do DAIA, Marlon Caiado. Irritado com a falta de informação de críticos de oposição, Marlon convocou a imprensa para uma visita às obras que estão sendo feitas para que 2020 seja o primeiro de muitos anos de relativa tranquilidade nesse aspecto.
O ponto de encontro foi o prédio da administração do distrito, que Marlon fez questão de mostrar todo reformado. De lá, fomos até as obras de desassoreamento do córrego Caldas. Uma enorme represa, chamada de “pulmão” recebe toda a água numa parte do percurso. O objetivo é eliminar a correnteza e fazer com que todas as partículas sólidas mais pesadas, como terra e areia, se depositem calmamente no fundo. O resultado é uma água muito mais clara e limpa.
Limpeza do Pulmão

Marlon explica que uma vez por ano é necessário fazer a limpeza no fundo dessa represa usando uma draga, permitindo que o “pulmão” funcione por mais um ciclo. No momento da visita, máquinas do Estado realizavam esse trabalho. É necessário ter três metros de profundidade livres sob a lâmina d’água, para que o sistema exerça seu papel adequadamente. “Há cinco anos essa limpeza não era feita”, enfatizou Caiado. Segundo ele, além de reter a sujeira, a represa funciona como um enorme reservatório para o período de estiagem. “Com ela cheia de terra, não vinha servindo pra nada”, reiterou.
Depois da represa, o administrador do DAIA conduziu os convidados à estação de captação. São três motores. Enquanto um fica de reserva, os outros dois trabalham em potência máxima, sugando 300 litros por segundo. “Nas chuvas é essa beleza que vocês estão vendo aqui mas, na seca, se temos sorte, só tem água pra um motor, mesmo assim na potência mínima. O rio seca”, revela Marlon entristecido.
Tratamento

Essa água que sai da captação vai para um outro prédio. É a estação de tratamento, onde recebe sulfato de alumínio, para aglutinar toda a sujeira em pedaços maiores, que ficam retidos num filtro. Depois, um pouco de cal para equilibrar o PH. Finalmente vem o cloro, que mata algas e bactérias. Antes de deixar a estação, a água ainda passa por um filtro triplo, composto de tijolos, areia e carvão, para eliminar qualquer gosto ou odor. Só então vai para as casas.
Construídas em 1979, as duas estruturas continuam firmes. Mas, embora tudo esteja funcionando bem, Marlon explica que, para evitar a falta d’água durante a estiagem, apenas a adequação do reservatório não será suficiente. Por isso, 20 poços artesianos estão sendo perfurados. Desses, sete já estão prontos. Todos vão entrar em operação para garantir que a vazão de 300 litros por segundo siga constante, o que equivale ao consumo das indústrias do DAIA e dos demais setores da região Sul.
Reservas

Por último, Marlon Caiado mostrou um reservatório de 1 milhão de litros que está prestes a entrar em operação. A importância desse reservatório está na contingência de problemas como a falta de energia elétrica, por exemplo. “Nós não temos gerador de energia e uma queda no fornecimento elétrico paralisaria todo o sistema. Com reservatórios como este, teremos nossa autonomia estendida por mais de 10 horas, já que parte da distribuição funciona por gravidade”.
A administração do DAIA, através da Companhia de Desenvolvimento de Goiás (CODEGO), também está fazendo adequações estruturais que vão sanar vazamentos e falhas de projeto que atualmente resultam em perdas de água tratada no caminho entre a captação e a distribuição. Uma economia que, segundo Caiado, será imprescindível para que a falta d’água no setor sul seja apenas uma má lembrança na mente dos moradores.