Ex-senador e ex-membro do Ministério Público, o agora advogado Demóstenes Torres afirma que não quer nada mais com a política
O advogado Demóstenes Torres, um dos responsáveis pela defesa do também advogado Sérgio Fernandes de Moraes, acusado da morte do motorista de aplicativo Wilkinson Leles do Nascimento, de 38 anos, ocorrida dia 9 de janeiro, teve nos últimos dias seu nome vinculado a várias publicações na imprensa, blogs e redes sociais.
Holofotes, aliás, marcaram vários pontos da trajetória de Demóstenes Lázaro Xavier Torres, 60 anos (completa 61 no domingo, 23), no meio político e jurídico.
Crianças continuam sendo vacinadas em Anápolis
Em 1983, por concurso público, Torres iniciou a carreira no Ministério Público de Goiás. Foi procurador-geral do MP e ocupou também o cargo de secretário de Segurança Pública, no primeiro mandato de Marconi Perillo, entre 1999 e 2002.
Ainda no ano de 2002, Torres foi eleito senador pelos Democratas. Na época, obteve 1.239.352 votos. Em 2006, chegou a concorrer ao Governo de Goiás, mas ficou apenas na quarta posição, com cerca de 3,5% dos votos.
Enquanto esteve no Senado, Demóstenes Torres chegou a ser considerado um dos políticos mais influentes do País. Seus discursos contra a corrupção eram sempre contundentes e, assim, ele ganhou projeção nacional.
Entretanto, em 2012, a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, revelou uma ligação entre Demóstenes e o empresários de jogos de azar Carlinhos Cachoeira e se tornou um dos pivôs do escândalo que, na época, ficou conhecido como “máfia dos caça-niqueis”.
Naquele mesmo ano, Demóstenes pediu desligamento de seu partido, para evitar um processo que já corria internamente para a sua expulsão.
No Senado, devido à repercussão do caso, ele acabou sendo cassado. Fora da política, voltou ao MP, onde teve de enfrentar mais uma batalha por sua permanência. Depois de muitas idas e vindas, ele foi aposentado do cargo e retornou à advocacia.
Volta à política
Demóstenes Torres aproveitou a vinda a Anápolis para fazer uma visita ao prefeito Roberto Naves, que ele diz admirar como político e administrador.
Em entrevista ao repórter Lucivan Machado, da Rádio Manchester, Torres afirmou, de forma taxativa, não querer “mais nada com a política”. “Nem penso em voltar, meu negócio agora é ser advogado”, frisou.
Após tecer elogios ao prefeito anapolino, Torres foi questionado sobre sua relação com o governador Ronaldo Caiado e com o presidente Jair Bolsonaro.
O advogado e ex-senador disse que tem uma relação de amizade com Bolsonaro, que o apoiou, “quando muitos me viraram a cara e bateram a porta”, narrou.
Sobre Caiado, disse que não são mais amigos e que, para não falar mal, não acompanho a gestão do líder de seu ex-partido.
Polêmica
O advogado Demóstenes Torres adiantou que deve ingressar com uma ação de abuso de autoridade e usurpação da função em desfavor do delegado polícia Civil, Manoel Vanderic, por considerar que o mesmo fez condutas erradas na condução do caso envolvendo Sérgio Moares, que até o fechamento da edição, estava ainda foragido.
Em entrevistas, o delegado Manoel Vanderic disse não haver nenhuma conduta irregular na condução do caso e considera normal a atitude da defesa e que não pretende ficar batendo boca com o advogado.