A boca exerce várias funções, como a mastigação, a deglutição e a fala, sem contar o aspecto estético, que tem importância psicológica. Um tratamento ortodôntico eficaz é capaz de melhorar estas funções e, consequentemente, a saúde. Mas, os aparelhos ortodônticos não são acessórios. Esse tipo de intervenção visa corrigir a posição dos dentes e dos ossos maxilares posicionados de forma inadequada. Os dentes tortos não causam apenas má aparência, como também podem contribuir para ocasionar problemas de saúde bucal e até dores na região do pescoço, ombros e nas costas.
“Os aparelhos ortodônticos têm a função de corrigir as más-oclusões. A má-oclusão acontece quando os dentes, e/ou as bases ósseas que os suportam, estão fora de posição prejudicando a estética e a função mastigatória”, explica o ortodontista Edílson Figueiredo. Os aparelhos normalmente aplicam força sobre os dentes, fazendo-os mudarem de posição. Mas, também, é possível usá-los para modificar uma tendência de crescimento desfavorável, ou para eliminar algum fator local que seja responsável pelo mau posicionamento.
Uma dentição torta não tratada pode trazer sérias complicações para o paciente. Se o organismo for capaz de compensar o problema, a pessoa conviverá somente com alguma limitação ou deficiência. Entretanto, quando um caso não é tratado, a longo prazo, os dentes estarão sofrendo sobrecarga e ficarão expostos a problemas ainda no futuro, comprometendo toda a dentição. “Além dos problemas estéticos e de mastigação, dentes tortos também podem acentuar problemas periodontais (da gengiva) e, dependendo do tipo da má-oclusão, agravar problemas da ATM (articulação temporo mandibular)”, diz Edilson.
A maneira como a maioria das pessoas identifica um problema ortodôntico é pela estética. Mas existem outros sinais que carecem de atenção. Entre os 6 e 12 anos, por exemplo, acontece o período da dentição mista – uma parte dos dentes é “de leite” e outra parte de permanentes. É preciso, portanto, observar as funções das crianças, como a respiração pela boca – quando os dentes superiores aparecem muito, existe grande diferença na cor dos lábios, o rosto fica longo e o nariz é curto e arrebitado, o que altera o crescimento da face. Além disso, os hábitos de chupar dedo, chupeta, ou falar colocando a língua entre os dentes também podem causar mudanças no crescimento dos ossos e problemas ortodônticos.
Para a maioria dos casos de mau posicionamento dentário, os médicos recomendam iniciar o tratamento após a troca dos dentes – para que o trabalho seja definitivo. “A idade para se iniciar um tratamento ortodôntico depende do tipo de má-oclusão. Geralmente, quando as bases ósseas estão envolvidas ou a estética e função estão bastante comprometidas se faz necessária uma intervenção mais precoce” afirma o ortodontista. Em caso de dúvidas, é indicado fazer uma avaliação com ortodontista quando do inicio das trocas dentárias (por volta dos 6 anos).
Os problemas ortodônticos mais comuns são apinhamento dentário, ou seja, dentes por cima do outro, devido à falta de espaço; dentes projetados para a frente; mordida errada (mordida cruzada e/ou mordida profunda); dentes espaçados, dentre outros. É muito comum, também, pacientes adultos necessitarem de tratamento ortodôntico para melhorar as posições dentárias antes de se submeter à reabilitação oral, através de implantes e/ou próteses.
Tempo de tratamento
Um tratamento ortodôntico demora, em média, dois anos. Este é o tempo necessário para se realizarem todos os movimentos que tendem a colocar os dentes em suas posições corretas. Normalmente, o aparelho é ativado mensalmente, trocando-se os fios por outros de diâmetro cada vez maior, o que permite a realização de movimentos mais precisos. “O tratamento depende da severidade do problema, da idade, da resposta biológica e da colaboração do paciente, variando, em média, de 18 a 36 meses”, explica Edilson. Uma vez constatada a necessidade do tratamento ortodôntico, o paciente, após avaliação clínica odontológica geral, deve procurar o especialista em ortodontia indicado pelo seu dentista, ou, consultar o CRO-GO (Conselho Regional de Odontologia de Goiás), ou, ainda, a ABOR (Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial – Seção Goiás).
É fundamental, também, que se visite regularmente seu cirurgião dentista (o ideal é seis em seis meses) para procedimentos preventivos – limpeza e aplicação de flúor, por exemplo – e restauradores. Isto, aliado aos cuidados em casa com a higiene bucal, seguindo-se as recomendações do profissional quanto ao uso correto do fio dental e da escova dental, bem como hábitos alimentares saudáveis, devem proporcionar uma boa saúde bucal ao longo da vida.
Tipos de aparelhos
Em resumo, existem dois tipos de aparelhos: os removíveis – placas ortodônticas, aparelhos ortopédicos funcionais; e os fixos com suas várias técnicas e filosofias. “Há, ainda, os aparelhos auxiliares como disjuntor ou expansor palatino – aparelhos no céu da boca, aparelhos externos, como a máscara facial, por exemplo, elásticos, micro parafusos dentre outros”, contabiliza o ortodontista. Cada aparelho tem sua função específica, dependendo das necessidades do paciente e da formação do profissional, mas os objetivos são os mesmos: harmonizar a estética e a função mastigatória.
O aparelho, sozinho, não provoca cáries. É verdade que o aparelho fixo dificulta a escovação e o uso do fio dental, além de permitir que as bactérias encontrem mais facilidades para aderir aos dentes. Por isso, quem usa aparelho precisa tomar alguns cuidados na escovação. A técnica de escovação mais indicada é aquela com movimentos circulares, escovando-se dente por dente. A escova ideal, por sua vez, é a reta e macia, que contenha os tufos de cerdas mais separados, para facilitar a limpeza. Outra atitude importante é no uso do fio dental, que deve ser colocado por baixo do fio do aparelho e depois passado entre os dentes.
É de vital importância, também, que o paciente fale com o ortodontista se tiver alguma dificuldade na escovação, para que o resultado do tratamento ortodôntico não seja prejudicado.