Mais de 10 mil pessoas ficaram doentes entre 1999 e 2008, devido ao consumo de água contaminada no Brasil. Dados do Ministério da Saúde apontam, ainda, que na maioria dos casos, mais de 40%, a contração de doenças pelo consumo de água imprópria ocorre dentro das residências. Esses índices epidemiológicos revelam a necessidade de se utilizar água tratada e ingredientes seguros no preparo de alimentos. Muitas vezes, não tomamos os cuidados necessários com as condições de limpeza das caixas d‘água, por exemplo. O que se torna um fator de risco para a contaminação dos alimentos.
Segundo Sandra Cristina dos Santos Moura, supervisora do controle de qualidade da Saneago – Anápolis fazer a limpeza da caixa d‘água não oferece nenhum risco biológico. E ajuda a manter a qualidade da água que chega até às nossas torneiras. Mas apesar disso, esse não é um hábito comum na cidade. “É preciso lavar a caixa d‘água de seis em seis meses, porque existe o risco de contaminação externa, através de insetos, por exemplo, já que nunca se consegue 100% de vedação”.
Qualquer recipiente em que uma substância fica depositada por muito tempo, precisa de manutenção. E, com a água não é diferente. Essa limpeza pode ser feita somente com a própria água e uma escova limpa. Entretanto, se houve contaminação externa, recomenda-se o uso de hipoclorito de sódio. “O uso de outros produtos durante a manutenção da caixa vai depender do histórico. Se nesse espaço de tempo não ocorreu nenhum incidente, a limpeza deve ser feita apenas com água”, explica Sandra. A água sanitária também pode ser usada durante a limpeza. Através de um processo de três enxágues: faz-se a primeira lavagem com água, depois se usa água sanitária, e finalmente, água tratada novamente.
No município de Anápolis, aproximadamente, 5% das residências ainda não têm água encanada. Nesse caso, algumas providências podem ser tomadas para melhorar a qualidade da água. Quanto às casas que possuem cisternas (poços rasos), a orientação é que se use o líquido apenas na limpeza e manutenção, para consumo, recomenda-se comprar ou, em último caso, ferver a água – e adicionar hipoclorito de sódio. “A possibilidade de águas de cisterna sofrerem contaminação por meio das fossas e esgotos é maior devido à pouca profundidade”, orienta Sandra. Já o poço artesiano não corre tanto risco de contaminação, mas as dicas de cuidados antes do consumo são as mesmas.
Análise
A supervisora avisa que se for de interesse do proprietário, é possível, ainda, fazer uma solicitação de análise da água em cisternas, poços artesianos e até naquela que chega através da rede da Saneago. Para isso, basta entrar em contato com o órgão: um funcionário vai até o local, faz a coleta e em poucos dias o interessado tem acesso ao resultado. “Qualquer usuário pode pedir a coleta e o monitoramento da água que recebe na porta de sua casa”, diz.
Entretanto, ela garante que, no caso da água que chega através da rede da Saneago, praticamente não há riscos. O ideal, diz, é que se use a água que vem direto da rua, não há necessidade nem mesmo de filtros – que apenas para resfriam a água, ou, no caso dos mais modernos, retiram o cloro. “Quanto maior o número de recipientes por que esse líquido passar, ai sim, maior será o risco de contaminação. A caixa é um reservatório para os momentos de necessidade – falta d‘água, ou abastecimento insuficiente, como nos horários de pico”.
Segundo Sandra Cristina, devem ser tomados, ainda, cuidados com a água quando em acampamentos. Já que existe maior risco de contrair doenças quando do uso de águas oriundas de fontes naturais superficiais, como rios, ribeirões e córregos. Tomar conhecimento sobre a fonte hidrográfica em questão é essencial, para saber se ela serve, ou não para recreação e lazer. Entretanto, a água para consumo deve ser de origem certificada – água mineral, ou levada de casa.
BOX
Como limpar a caixa d’água
A qualidade da água fornecida pela SANEAGO é garantida, mas é preciso cuidar da caixa para que ela não se contamine. Além de mantê-la sempre fechada para evitar que insetos e pequenos animais entrem em contato com a água, a limpeza deve ser feita, no mínimo, a cada seis meses. Isso evita que os resíduos, que normalmente se formam no fundo, causem doenças como diarréia, verminoses e hepatite.
1. Na escolha do dia, prefira o sábado ou o domingo, dias de menor consumo de água. E não se esqueça de comunicar a todos os moradores sobre a limpeza da caixa d’água.
2. Feche o registro da entrada de água, ou amarre a bóia.
3. Quando começar a esvaziar a caixa, não jogue a água fora. Tente aproveitá-la. Faça a limpeza dos pátios e ruas internas, regue o jardim, lave as vidraças ou reserve alguns baldes para usar a mesma água durante a limpeza.
4. Procure deixar um palmo de água na caixa, essa água no fundo será utilizada na lavagem da mesma.
5. Tampe a saída da água para que a sujeira não desça pelo cano.
6. Lave as paredes e o fundo da caixa com escova de fibra vegetal ou de fio de plástico macio. Nunca use sabão detergente ou outro produto. Evite escova de aço ou vassoura.
7. Retire a água da lavagem com um balde e a sujeira com uma pá de plástico. Para secar, utilize um pano e evite passar nas paredes.
8. Ainda com a saída da caixa fechada, abra o registro, ou utilize a água do balde que reservou antes de começar a limpeza e deixe entrar um palmo de água.
9. Depois, calcule a dosagem conforme a capacidade do reservatório. No caso de 1000 litros é necessário aplicar 200 ppm de cloro, deixando agir por 2 horas.