Grande parte da população de Anápolis tomou conhecimento e muitos se condoeram com a história de uma mulher (nome preservado) que foi encontrada pela Polícia Militar, literalmente, morando no mato nas proximidades do Vivian Park. Ela improvisou uma barraca de acampamento e se instalou no local, acompanhada de um filho menor. Aos policiais, a mulher relatou que se encontrava naquela situação devido haver sido despejada do local onde residia anteriormente, sendo obrigada a optar pela situação em que foi encontrada. Neste caso pontual, ela recebeu algumas ajudas e se mudou para um local mais digno, depois que sua história foi mostrada em redes sociais.
Acontece que, o caso desta senhora está longe de ser inédito, ou, surpreendente. O número de pessoas (em alguns casos famílias inteiras) que foram jogadas na “rua da amargura” é bem mais comum do que se possa imaginar. Durante a pandemia da Covid-19, a paisagem urbana das médias e grandes cidades brasileiras foi tomada por barracas de camping e de madeira, papelão e lona. Outras foram se alojar em obras abandonadas; viadutos; pontes, praças e logradouros semelhantes. Estes locais abrigam uma população em situação de rua que, igualmente, explodiu. As tendas forjam o lar onde até pouco tempo essas pessoas moravam. Segundo o último Censo da População em Situação de Rua, em dois anos registrou-se um aumento de 230% dessas moradias improvisadas instaladas em vias públicas por todo o Brasil.
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De acordo com a avaliação técnica, a barraca é um fenômeno intimamente ligado à pandemia, que está relacionado ao maior número de pessoas com menos tempo na rua. Estas pessoas usam as barracas para se protegerem das intempéries, da violência e violação de direitos, e para preservarem o núcleo familiar. O mesmo censo mostrou que, entre 2019 e 2021, o número de pessoas em situação de rua nas grandes e médias cidades registrou um aumento de 31%. Na pandemia, também, houve uma mudança de perfil dos sem-teto. Se antes era mais comum se deparar pelas calçadas com homens solteiros, em geral usuários de álcool e drogas, hoje não é raro se verem famílias, muitas despejadas de suas casas pela crise econômica.
Mas, apesar do impacto da pandemia e da crise econômica na mudança do perfil dessa população, o conflito familiar (34,7%) ainda é a razão que mais leva as pessoas às ruas, seguido da dependência de álcool e outras drogas (29,5%) e da perda de trabalho e renda (28,4%), detalhou o censo. E, na eventual retomada do desenvolvimento, com a diminuição sensível dos casos de contaminação e morte pela pandemia da covid-19, um dos principais desafios dos governos (municipais, estaduais e Federal) será, justamente, encontrarem-se meios para a oferta de abrigo humanitário a esse exército de brasileiros que se acham à mercê da sorte. Um país rico, grande produtor de alimentos tido como a oirava mais importante economia do mundo, não deve ser tão difícil assim, desenvolverem-se políticas sociais para esta situação por demais preocupante vivida no Brasil.