A pergunta que pouca gente, ou, quase ninguém, tem feito é: o que será do Brasil depois do dia 31 de dezembro? Sem contar o viés político, pois, provavelmente, haverá mudanças substanciais no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas, com a possibilidade, ainda, de se contar com um novo Presidente da República (caso Jair Bolsonaro não seja reeleito), muita coisa, por certo, vai mudar. A começar de novas metodologias para se governar um país que passou os últimos três anos e meio envolvido numa série de problemas, agravados pela chegada inesperada e indesejável da pandemia da covid-19. Mas, a preocupação maior, na verdade, não é com a questão político/partidária. Independentemente de quem for eleito (ou reeleito) as transformações e metamorfoses serão inevitáveis por uma série de fatores. O que não se tem certeza, entretanto, é como o povo irá se comportar. Muito do que foi prometido aos brasileiros e brasileiras na campanha passada, lamentável e infelizmente, não se concretizou. A classe político/administrativa não conseguiu fazer o “dever de casa” e coisas importantes, fundamentais mesmo, ficaram pelo meio do caminho. Projetos sonhados e anunciados em todas as esferas, ficaram na nuvem das promessas de palanque. E, com certeza, vão, novamente, fazer parte do proselitismo de 2022 que, por sinal, já começou.
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Muita gente deveria se preocupar, por exemplo, sobre como ficarão as políticas sociais que foram se amontoando ao longo dos últimos meses, com a sangria dos cofres públicos para se evitar uma catástrofe social causada pela existência de 11 milhões de desempregados, sem contar os que vivem no subemprego e os que vivem de favor, cidadãos anônimos, gente que “não existe” para a Previdência Social nem para o mercado de trabalho, mas que, precisa comer, vestir-se e se locomover. Os projetos tipo Auxílio Caminhoneiro, Auxílio Taxista, Vale Gás e outros, têm data de validade. E, ninguém tem a certeza de suas manutenções, ou, substituições por outros programas, embora haja promessas de praticamente todos os candidatos de se garantir, pelo menos, o Auxílio Brasil, antigo Bolsa Família. Em se mantendo, menos mal, pois mais de 20 milhões de famílias, aproximadamente 80 milhões de pessoas que vivem desse tipo de ajuda, terão um alento temporário. É mais gente do que as populações de muitos países. Se isto acabar, ninguém pode prever o que acontecerá no Brasil.
Então, tem sentido, sim, a pergunta: “E, quando acabar dezembro?”. A torcida é que, até lá, os números se modifiquem, que haja um menor contingente de desempregados, desalentados, desiludidos. Que haja maior oferta de trabalho, mais expectativas de vida, de sobrevivência, até. Isto, porque, por enquanto, o Governo tem segurado a barra, fazendo o máximo para se manter a tão sonhada paz social. Mas, os recursos públicos não são infindáveis, o caixa público não é inesgotável e a população economicamente ativa não aguenta pagar mais impostos. A solução tem de vir, sim do Palácio do Planalto, dos palácios estaduais das prefeituras, do Congresso Nacional, das assembleias legislativas e das câmaras municipais. A questão é política, a questão é emergencial, a questão é de urgência. Dezembro está bem ali.