Recentemente, o Sinduscon (Sindicato da Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Anápolis) anunciou a disposição de estabelecer-se uma parceria entre as empresas, o poder público e o Sistema S, principalmente o SENAI, para ampliarem-se vagas em cursos de preparação desta mão de obra cada vez mais rara.
É o reflexo do que ocorre em todo o País, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção.
Levantamento da entidade aponta que, sete em cada 10 construtoras, sofrem com a falta de trabalhadores de alto nível. Uma nova pesquisa está em elaboração neste mês de fevereiro para atualizarem-se os dados.
Mas, segundo a própria entidade, “é improvável que os números melhorem significativamente”.
E, mais, a Câmara alerta que o segmento da Construção Civil enfrenta o real risco de sofrer um apagão nos próximos dois anos por falta de mão de obra qualificada.
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Em 2010, o setor contava, em média, com três milhões e 200 mil empregados diretos no País e mais de 10 milhões em toda a cadeia. Hoje, contabiliza dois milhões e 700 mil, portanto, uma perda de 500 mil trabalhadores, embora o setor viva um momento de alta demanda imobiliária.
As causas
A pesquisa apontou que, entre as principais causas dessa escassez na mão de obra no setor estão a falta de investimentos em capacitação profissional, a desvalorização dos trabalhadores da área e a falta de incentivos para que os jovens escolham buscar uma carreira na construção e na engenharia civil.
Em geral, faltam mestres de obra; pedreiros; eletricistas; carpinteiros e; até, engenheiros. Essa falta começou em 2018, mas ganhou força na pandemia.
Também, uma enquete realizada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção com 800 associados reforça o alerta do sindicato. De acordo com essa pesquisa, sete em cada dez construtoras dizem sofrer com a escassez de mão de obra especializada.
No geral, há uma migração de trabalhadores da Construção Civil para outras atividades, como prestação de serviços em aplicativos de transporte. Em Anápolis, é grande o número de operários que deixaram a profissão e foram para as indústrias farmacêuticas do Distrito Agro Industrial.
A justificativa é de que a construção não está atraindo novos talentos na proporção que o mercado requer. O Sinduscon informou que muitos projetos, alguns de grande porte em Anápolis ainda não decolaram, justamente devido à escassez de trabalhadores.
Algumas empresas se mostram desesperadas e têm buscado trabalhadores em outras cidades e, até, em outros estados. Todavia, alega que o nível salarial pago a esta categoria é muito acima da média nacional.
O futuro
Existe uma preocupação maior quanto a esse estado de coisas, porque a Construção Civil é o segmento que mais agrega valores e reúne mão de obra. Em uma só construção atuam engenheiros, mestres de obra, pedreiros, serventes, carpinteiros, armadores, azulejistas, pintores, eletricistas e outros.
E, muitas dessas atividades dependem da sequência lógica.
O pintor não pode trabalhar enquanto as paredes não estiverem respaldadas, por exemplo.
E, o temor maior é que com a estabilidade econômica que está prestes a acontecer, haja um reaquecimento natural nas atividades produtivas, principalmente na Construção Civil.
Há o anúncio do desengavetamento de muitos projetos, dos mais diferente valores e padrões, tanto da iniciativa privada, quanto do setor público.
E, se não ocorrer o suprimento de mão de obra em quantidade e qualidade satisfatórias, a tendência é de uma estagnação desse que é um dos mais importantes segmentos econômicos do Brasil.