O empresário e pecuarista sofreu um AVC e estava internado no hospital Ânima
Não era uma notícia que os anapolinos queriam receber. Muito menos os cidadãos de Campo Limpo de Goiás. É que o empresário e pecuarista Emival Silveira Duarte era muito querido nas duas cidades, onde desempenhou importantes papéis e fez muitos amigos.
Aos 74 anos, lutava contra um câncer quando sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico, o popular derrame. Ele foi internado no hospital Ânima, mas faleceu no início da noite de quinta, 23 de dezembro.
Dezenas de homenagens foram e continuam sendo postadas. Em nota publicada nas redes sociais, a Prefeitura de Campo Limpo anunciou que o velório ocorre no Ginásio Leonardo de Andrade Simão e o sepultamento está previsto para às 12h desta sexta-feira ,24.
Emival era irmão do também falecido Joaquim Duarte, o “barbudo”, que foi vereador em Anápolis e se tornou o primeiro prefeito do até então distrito de Rodrigues Nascimento.
O Presidente da Câmara, o vereador Rafael Victor, falou sobre o legado deixado por Valim para o município. “Ele foi o primeiro secretário de Finanças após a emancipação, e levou o nome da cidade para fora do estado com a Festa do Peão. Tanto é que Campo Limpo ficou conhecida como “Barretinho de Goiás, por conta do famoso rodeio que acontecia no evento”, disse ele.
O vereador falou sobre o sentimento que tomou a cidade após o falecimento de Emival. “O clima é de tristeza geral, todo mundo gostava dele, muito simples, humilde”, afirmou. “De sorriso fácil, chamava todos de Tigrão, que acabou virando seu apelido”, completou. Valim presidiu o grupo “Os Pioneiros”, responsável pela festa, que teve mais de 20 edições.
Ele também era bastante conhecido em Anápolis por ter sido gerente de banco e diretor do Sindicato Rural. O presidente da Câmara Municipal, o vereador Leandro Ribeiro prestou suas condolências. “Fomos todos pegos de surpresa por essa perda lamentável”, declarou. Emival deixa esposa, três filhos e sete netos. O corpo será sepultado no Cemitério Santa Terezinha, em Campo Limpo.
Última entrevista
O jornalista Vander Lúcio Barbosa usou as redes sociais para lamentar a perda do amigo. “Uma pessoa agradável, que conversava sobre qualquer assunto e tinha opiniões muito sensatas. Vai fazer muita falta”, exclamou ele.
No Instagram, Vander publicou um trecho de sua última entrevista ao Jornal Contexto. Ocasião em que trataram, entre outros assuntos, de casos envolvendo grandes fortunas da região.
Como ex-gerente bancário, Valim sabia sobre economia e finanças e costumava orientar as pessoas sobre como cuidar do dinheiro, evitando dívidas e até mesmo falências. Confira a publicação:
– PROSEANDO COM EMIVAL VALIN, O TIGRÃO – Gosto de prosear com amigos. Dia desses estive com Emival Duarte, promotor da tradicional Festa do Peão de Campo Limpo de Goiás.
Sou amigo do ´Tigrão´, como também é conhecido, desde os de 1975, quando eu era jornaleiro e ele gerente do Unibanco, em Anápolis. Tigrão é bom de conversa. Fala mansa, sorriso largo e de uma alegria de causar inveja. Papo vai, papo vem, a conversa se volta para a disciplina do trabalho. E, da indisciplina, também, principalmente na ordem financeira.
Sobre o assunto, Valim cita dezenas de casos ocorridos em Anápolis sobre afortunados que não souberam cuidar do que possuíram.
Abonados que não respeitaram a cor e nem o cheiro do dinheiro e, como consequência, viram a fortuna mudar de mãos. Herdeiros avessos ao trabalho que ´torraram a grana´ de pais e avós.
– “Vander Lúcio, dinheiro não aguenta desaforo”, disse-me Tigrão, emendando que ´só o trabalho produz riqueza´. Valim, na última frase, cita Amador Aguiar, que nascido lavrador, tornou-se o todo-poderoso do Bradesco, um dos maiores bancos do mundo.
Tigrão, em tom mais sério, diz que muito viu e ouviu Amador, principalmente, em palestras Brasil afora. Segundo ele, o banqueiro era um metódico cumpridor de regras que apostava no trabalho como um dos fundamentos para a prosperidade.
Emival lembrou que na fachada da sede do seu banco, na Cidade de Deus, em Osasco (SP), o bilionário mandou cunhar a tal frase citada acima – “Só o trabalho pode produzir riqueza”.
Amador Aguiar o mais renomado banqueiro do Brasil, morreu em 1991, aos 87 anos.